Já aqui tive oportunidade de verberar a política que o Ministério da Saúde está a prosseguir na implementação dos modelos de empresarialização dos hospitais públicos.
Foi a propósito da situação de concessão de privilégios de atendimento e tratamento médico em hospitais públicos aos detentores de seguros de saúde contratualizados com empresas privadas.
Retomo novamente o melindroso tema da saúde para dar conta de mais um atropelo gritante que uma destas novas SA com capitais públicos está a pretender impor aos mais básicos direitos dos doentes que aí acorrem.
A notícia reza o seguinte:
O Conselho de Administração do Hospital de S. Teotónio, de Viseu, determinou que, a existir acréscimo de utentes nos serviços, é permitido o internamento nos corredores dos serviços.
Numa circular interna da instituição pode ler-se que o CA determinou que, "quando se verificar acréscimo do número de utentes nas unidades", "os utentes não sejam colocados nos quartos, entre camas, como tem vindo a acontecer, mas sim no corredor de serviço".
Desta forma, o internamento de doentes nos corredores do Hospital de Viseu deixará de ser uma prática excepcional para passar a ser procedimento corrente e autorizado pelo conselho de administração.
Face a actos de gestão dos serviços com este teor lancinante e aflitivo, que somente denotam uma nítida preocupação com a vertente quantitativa da prestação de cuidados de saúde, torna-se legítimo e premente interrogarmo-nos acerca do lugar que a dignidade, a privacidade ou o conforto dos doentes ocupam na hierarquia de valores propugnados por este Conselho de Administração...
Sempre gostaria de ver se algum destes membros do Conselho de Administração do Hospital de S. Teotónio AS, desejaria ver algum dos seus entes queridos sujeitos às condições que eles preconizam para o internamento
dos doentes do hospital...