sexta-feira, janeiro 30, 2004

O Povo Escolhido IV

O nosso Presidente, não é o Vieira é o outro do cabelo cenoura, num momento de grande reflexão, considerou que os portugueses achavam que todos os políticos eram uns bandalhos. A TVI, como a ciência avança pela confirmação empírica das teorias, foi para os cafés do país perceber se era ou não verdade a afirmação do Presidente.

- Então diga-me lá minha senhora, o Presidente Sampaio disse que achava que os portugueses achavam que os políticos são todos uns bandalhos. Acha que é verdade?

- São sim senhor, essa é que é essa, tem toda a razão, ó se são, bandalhos, filhos-da-puta, vigaristas, pilha-galinhas, pedófilos.

- Então e o senhor?

- Eu acho que o Porto vai ganhar 2-1. Deco na primeira parte e o Maciel na segunda.

O Povo Escolhido III

Este post é sobre o Dias da Cunha, the one, the only.

O Povo Escolhido II

Durão Barroso afirmou hoje no parlamento, que Portugal só apoiou a invasão do Iraque porque os serviços secretos britânicos, a inteligence, explicou Durão aos deputados, lhe juraram pela alma da sua mãezinha que Saddam tinha um terrível arsenal de armas de destruição maciça. Ele, rapaz crédulo, chegado há pouco tempo da província para governar o rectângulo, com a boina, a malinha de cartão, e o termo com o caldo verde, acreditou. O mundo, realmente, está cheio de pessoas más, investidas de toda a perversidade para enganar honestos primeiros ministros que não querem outra coisa senão o bem das pessoas, especialmente se não forem funcionários públicos. A culpa foi da inteligência.

O Povo Escolhido

Apesar de as eleições primárias que visam eleger o candidato democrata às presidenciais americanas se encontrarem ainda no início já se sabe que o vencedor será John Kerry. Sabe-se também que, depois de eleito pelo seu partido, Kerry irá destronar o W. Bush, bombardear um país qualquer e surfar até Marte. A anunciada vitória não se deve ao currículo do candidato, ao seu programa eleitoral, aos milhões gastos na campanha, nem a uma previsão da taróloga (e o ateu do computador a insistir que a palavra taróloga não existe. Que besta) Maya, mas à feliz circunstância de o candidato democrata ter sido abençoado com uma esposa representante do povo escolhido. É verdade. John Kerry já é conhecido no mundo por aquele simpático senhor grisalho que agora não me lembra o nome mas que é casado com a Teresinha. Depois de termos ganho um Oscar com uma obra desse torrejano chamado Sam Mendes, provámos mais uma vez que somos um povo escolhido.

quinta-feira, janeiro 29, 2004

E vai mais um

Soube agora. Desta vez foi uma senhora na Calheta. Até hoje, só no mês de Janeiro, já são 10 suicídios. A média anual, continuo a lembrar, são de 7. Estranho, muito estranho.

quarta-feira, janeiro 28, 2004

Marte

O homem. bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua

Lua humanidade: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte - ordena a suas maquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só pra te ver?
Não vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato que é o Sol, falso touro
espanhol domado.

Restam outros sistema fora
do solar a col-
onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de conviver.

Carlos Drummond de Andrade


terça-feira, janeiro 27, 2004

Suicídio

Em média (nos últimos 10 anos) morrem por suicídio 7 individuos, por ano, na Madeira. Neste corrente mês de Janeiro de 2004 (até hoje), suicídaram-se 9 individuos (isto, segundo um artigo saído no Público no dia 23 de Janeiro). O que dizia Durkheim? Acho que falava de suicídio anómico...

quinta-feira, janeiro 22, 2004

Simpsons

Podendo considerar-se que a nova "Dois" constitui um passo evolutivo no sentido convergente com as obrigações de um canal televisivo de serviço público, ainda assim a reestruturação que foi feita deixou pelo caminho, incompreensivelmente, um dos ex-libris televisivos mais importantes da última década: Os Simpsons!!!
Estranho e algo bizarro, como um dos programas que constavam há mais tempo na programação do segundo canal da RTP, ainda que durante bastante tempo através da exibição de episódios repetidos (curiosamente, 2 semanas antes da aparição da "Dois" foram estreados novos episódios ...), e que tinha uma presença constante no topo de audiências do canal, foi varrido da pantalha da "Dois"...
Se havia algo de intemporal na programação anterior e que devia atravessar as ondas da reestruturação daquele canal, seriam sempre os Simpsons!

terça-feira, janeiro 20, 2004

"Amiguinhos do Saber"

Definição do conceito de Lei, ontem proferida por um advogado "amiguinho do saber" da Lusíada: "Uma Lei é o resultado daquilo que a sociedade considera como normal!"
Pelos vistos já não é o poder legislativo que concebe as leis, é a "sociedade"...
Acontece que o poder legislativo emana da sociedade, mas não representa nem vincula obrigatoriamente a sociedade como um todo como se depreende daquela definição.
Por isso é que as leis são mutáveis ao longo dos tempos, conforme a vontade do legislador, o qual, inclusivamente, pode ou não ser legítimo em termos democráticos.
Pela lógica da definição enunciada, por exemplo, a proibição do divórcio durante o regime do Estado Novo, devia-se não à vontade do legislador, mas à defesa desse preceito pela "sociedade", uma vez que o divórcio não seria normal!...
Não hajam dúvidas de que a fama que precede os "amiguinhos do saber" é completamente desprovida de razão de ser...


segunda-feira, janeiro 19, 2004

Um desviozito de 22300%

De acordo com as estatísticas do INE, o número de vítimas mortais, em Portugal, devidas à vaga de calor do passado Verão cifrou-se em 2007.
Este valor representa um acréscimo de 1998 vítimas em relação ao número afiançado pelo "antigo" gestor do Banco Mello, actualmente Ministro da Saúde, ou seja, entre os números do INE e os números do Ministro, houve um pequeno desvio de apenas 22300%!...
Eis mais uma prova cabal da excelência dos gestores portugueses, já por diversas vezes reconhecida e elogiada pelos seus congéneres europeus...
Além disso, é sempre reconfortante sabermos que temos ministros assim tão credíveis e rigorosos na informação que prestam aos cidadãos!

sexta-feira, janeiro 16, 2004

Queremos a JSD de volta

Ao que isto chegou. A agenda política da JSD parece uma cópia mal amanhada do programa mediático do BE. Há quem jure que já não é a primeira reunião da direcção da Juventude Social Democrata que acaba ao som da Guantanamera entre uma cuba livre e um passa num charro. O que é que vamos ter a seguir, camisolas de gola alta, t-shirts do Zé Mário Branco, poesia de vanguarda. Deus nos livre. Queremos os laranjinhas de volta.

Novo Dicionário

O Governo português alertou ontem a Academia de Ciências de Lisboa para alguns erros que vêm inscritos na definição de alguns vocábulos do dicionário elaborado pela Academia. Nomeadamente, em relação aos vocábulos coerência, paridade, e congruência, o Governo avança com a seguinte definição para estes vocábulos:

Eis os novos significados:
Coerência, paridade e congruência:

s.f., Acto pelo qual "O Governo propõe o congelamento dos salários da Função Pública superiores a mil euros, enquanto para os restantes é proposto uma actualização de dois por cento.
No texto enviado aos sindicatos, o Governo justifica a contenção proposta com a tese de que as actualizações salariais devem ser ditadas pela política orçamental em vigor
".

ou :
Acto pelo qual "O Governo decidiu aumentar para mais do dobro o valor-limite para compra de viaturas para gestores hospitalares, passando de 20 mil euros para 45 mil.
Segundo noticia hoje o «Correio da Manhã», o Executivo tinha já decidido aumentar os salários dos responsáveis pelos hospitais SA, lembra o jornal, segundo o qual as vantagens abrangem ainda os «plafonds» dos cartões de crédito, que serão igualmente aumentados
".

quinta-feira, janeiro 15, 2004

Angola

O governo Angola desmentiu, esta quarta-feira, as acusações lançadas pela «Human Rights Watch», considerando «não terem qualquer base de sustentação», para além de serem fruto da «fantasia e imaginação».

Os governantes angolanos puseram ainda à disposição da HRW os extractos bancários das suas contas na Suiça, mostraram a "pobre" factura do casamento da Tchizé, filha do Presidente, e ainda as estatísticas referentes ao índice de desenvolvimento humano angolano, onde é possível ver o progresso do país nos últimos anos, para desmentirem as "fantasias" da HRW...

quarta-feira, janeiro 14, 2004

Super Coelho

O ex-ministro Jorge Coelho afirmou que o PS não deve fazer nenhuma coligação com o PCP pois terá sido por acção deste último partido que Edite Estrela foi condenada em tribunal. Como foi provado em tribunal que a autarca, realmente, infringiu a lei, não percebo muito bem a concepção de justiça do Dr. Coelho. Talvez na Coreia no Norte.

terça-feira, janeiro 13, 2004

Há dois anos a fazer que faz

Confesso que o meu "espanto" não nasceu com este slogan.
Já anteriormente o "departamento de Marketing" do Bloco de Esquerda me tinha deixado aturdido com algumas das frases chamariz que eram afixadas nos seus cartazes eleitorais. Frases rebuscadas, complexas e de difícil compreensão para quem quer que seja, em suma, slogans desprovidos de um mínimo de inteligibilidade, têm povoado historicamente os cartazes do Bloco.
Por isso mesmo é que este "Há dois anos a fazer que faz", afixado nos espaços públicos lisboetas não me surpreende, uma vez que vem na linha das mensagens dúbias anteriores...
Pretensamente dirigido ao Presidente da C. M de Lisboa, a opção pelo trocadilho do "fazer que faz" mais não faz do criar uma cortina espessa na identificação do suposto destinatário da mensagem e de confundir o sentido específico da advertência que o Bloco pretende transmitir, preferindo antes o uso desnecessário do trocadilho pretensioso.
O que é realmente espantoso é que parece que ainda ninguém no Bloco se tenha apercebido disto, para mais quando o dinheiro que possuem para iniciativas publicitárias não deve ser tão abundante quanto isso...
Eu sei que a base social de apoio eleitoral do Bloco gosta de primar por uma certa "distinção" nos seus gostos culturais, mas a verdade é que também há limites para a vontade de sublinhar a diferença...

quinta-feira, janeiro 08, 2004

Os Segurados e os Coitadinhos

A notícia que faz hoje manchete no Público, referente à pretensão do Centro Hospitalar do Alto Minho (CHAM), que compreende os hospitais de Viana do Castelo e Ponte de Lima, arrancar com um serviço de consulta e tratamento "célere e personalizado" para sinistrados em acidentes de viação e de trabalho que sejam beneficiários de seguradoras ou de outros sub-sistemas de saúde que não o do Serviço Nacional de Saúde (SNS), revela à saciedade o caminho que se está a visar implementar no sector público da Saúde.
É o caminho da progressiva privatização dos hospitais públicos (erguidos e pagos com o impostos dos contribuintes), desembocando na criação de procedimentos discriminatórios de tratamento dos utentes a partir dos dotes financeiros que possuem, é o caminho, em suma, da “feudalização” da prestação pública dos cuidados de saúde.
Os segurados usufruírão de “um atendimento mais atempado, célere, e personalizado”, não serão “atirados para lista de espera”, porque "há que responder às exigências de quem nos paga", refere o Adiministrador do Hospital!
Depreende-se que aos não-segurados, os utentes do SNS, que pagaram com o dinheiro dos seus impostos a construção dos hospitais e que mensalmente aplacam os salários do pessoal médico e dos pobres administradores, estará reservado o tratamento oposto, ou seja, um atendimento menos atempado, lento e despersonalizado, sendo atirados para listas de espera, porque não pagam ou não pagam aquilo que eles querem!
Tudo isto, imagine-se, não em instalações financiadas pelas seguradoras, mas, descaramento dos descaramentos, no interior dos próprios hospitais da rede do Serviço Nacional de Saúde!!!
O Ministro da Saúde, quadro emprestado por um dos principais interessados na empresarialização dos hospitais, o Grupo Mello, diz de forma "surpreendente" que “é um caminho a seguir”!..
Por aqui se vê que a máscara da empresarialização da gestão hospitalar mais não era, realmente, do que um manto esfarrapado para esconder a vontade particularística de apropriação do serviço nacional de saúde e da sua extinção progressiva, feita com a conivência e o beneplácito deste Governo!


quarta-feira, janeiro 07, 2004

A Democracia vista pelos olhos da Maioria

A "Democracia" vista pelos olhos da coligação governamental.

A falta de sentido democrático da Oposição:
O PSD e CDS/PP acusam o PS de querer ser o «dono da Constituição», por recusar discutir o projecto de revisão constitucional alargada.
O deputado social-democrata Marques Guedes acusou os socialistas de terem uma posição «anti-democrática» e «de arrogância». «O PS acha que é o dono da Constituição e que só altera aquilo que quer», lamentou o deputado, que falava esta terça-feira na primeira reunião de trabalho da Comissão Eventual para a Revisão Constitucional


O elevado sentido democrático da Maioria:
PSD e PP rejeitaram o pedido do PCP para que Paulo Portas informasse a Comissão de Defesa sobre as principais linhas do Conceito.
O ministro da Defesa apresentou o Conceito Estratégico Militar (CEM) apenas ao PS, alegando que a lei tem carácter reservado e que não fazia sentido partilhar a informação com partidos que estão em
oposição à política traçada para a Defesa nacional.





terça-feira, janeiro 06, 2004

SOS

Não sei o que fazer. Há dois dias que um valoroso operário que trabalha numa obra no prédio ao lado do meu, alterna vigorosas marteladas na parede, a partir das 8 da manhã, com gritos lancinantes de prazer: spooooooorting. Estou deseperado.

sexta-feira, janeiro 02, 2004

O Pato?! Não conheço nem nunca me foi apresentado

4º Episódio de 5

Segundo o nosso segurança existiram até hoje 3 grandes fases na forma assumida pelas leis do fora de jogo, as quais não convivem entre si, uma vez que não se afiguram consecutivas.
Elas são, respectivamente, a fase do Liner, a fase do Bandeirinha e a fase do Assistente.
No entanto, a opinião deste expert não colhe unanimidade noutros ex-libris do Pato. Um claro exemplo de discordância chega-nos de um outro ex-libris do Pato, conhecido como o Taveira da Luz.
Em primeiro lugar, cumpre desde já esclarecer, para evitar mal-entendidos, que a alcunha Taveira da Luz deriva do facto do indivíduo a que ela remete, combinar, com bastante frequência, uma indumentária provinda da inspiração dos trabalhos arquitectónicos daquela famosa personalidade dos work-made vídeos, nomeadamente ao nível das cores.
Feito o parêntesis, como dizíamos, o Taveira da Luz assevera, quer quando está sóbrio quer quando está ébrio, que mais do que a periodização histórica das leis do fora-de-jogo, aquilo que está causa desde o 25 de Abril é a perversão da boa índole das leis do fora-de-jogo em prol da sua instrumentalização por uma “modesta” agremiação nortenha.
Face a estas duas posições teóricas podemos claramente antever aqui uma certa cizânia na conceptualização das leis do fora-de-jogo. No intuito de superar estas duas visões, um outro ex-libris do Pato, associa a delimitação temporal do primeiro teórico, com a perversão defendida pelo segundo.
Para este ex-libris, a assunção da periodização histórica das leis do fora-de-jogo deve ser feita em complementaridade com a perversão do seu carácter, não a partir do 25 de Abril, mas sim dos tempos do Estado Novo. Na sua opinião a imoralidade na aplicação do fora-de-jogo enraíza-se na concessão de benefícios prolongados ao longo de várias décadas aos principais clubes da outrora capital do império que ia do Minho a Timor.

Continua dentro em breve...

A Bola de Cristal do Esbirro

Luís Delgado prevê um ano de 2004 "muito bom para Portugal!".

Era o que eu temia!
Se o director da Lusa antevê um futuro maravilhoso para 2004, então é certinho que vamos ter um ano de 2004 deveras medonho!...