quarta-feira, maio 11, 2005

Quem merece ganhar o campeonato

A reposta mais imediata é ... ninguém. Nenhum dos três grandes realizou uma época regular e sólida. Braga, Boavista, Guimarães, Rio Ave, Marítimo fizeram bons campeonatos mas não o suficiente para alcançarem o título. Descartados os critérios da solidez e da regularidade, o eleito terá que ser encontrado pela forma como o seu futebol serviu, ou não, o jogo. Neste sentido o campeão só pode ser um: o Sporting. É me bastante mais simples tecer loas ao futebol Sporting no sossego londrino, longe da excitação da lagartada. Assim, parece-me evidente que José Peseiro foi a grande conquista do futebol português nesta época. O sistema do Sporting não está ainda afinado e às vezes é ambíguo. No entanto, nos jogos a que pude assistir, a equipa jogou um futebol de pé para pé, onde a troca de bola é o esteio do jogo e a forma de controlar o adversário. O jogador tipo deste futebol está primeiramente preocupado com o controlo da bola, com a recepção, com o olhar rápido, a desmarcação, o passo certeiro, as bases de um jogo colectivo envolvente, que retiram ao adversário a posse de bola. Peseiro apostou em artífices do jogo – Barbosa, Viana, Rochemback, Martins, Moutinho - enquanto outros reduzem os criativos a atletas robotizados. A equipa ainda não é sólida, tem momentos em que não funciona e que podem ser fatais, mas Peseiro resolveu arriscar num futebol positivo e, felizmente para o jogo, tem ganho. Lamentavelmente parece que muitos adeptos, seguindo uma onda verde de ingratidão que atingiu homens como Augusto Inácio, ainda não perceberam isto. Se José António Camacho não for o próximo treinador do Benfica, não me importava que Peseiro o fosse, servindo assim o clube do seu coração.