Teve lugar na semana passada a primeira reunião do grupo parlamentar do PS, sob liderança do novo líder , António José Seguro.
Interrogado no final da mesma pela comunicação social acerca dos temas que haviam estado em discussão, designadamente o aborto, o novo líder do grupo parlamentar do PS prontamente esclareceu que o aborto não tinha sido um dos temas de debate, uma vez que “não era uma questão premente”.
Prosélito da tendência católica-liberal do PS, António José Seguro deixou já antever o caminho que pretende trilhar durante a sua liderança, ou seja, o caminho do temor, do medo de enfrentar as questões que suscitem controvérsia e dissensão.
Enfim, não se pode dizer que seja algo de novo e surpreendente no PS, não fosse este novo líder do grupo parlamentar um guterrista assumido, logo é natural que paute a sua acção política pela hesitação constante, pela indecisão permanente em tomar um posição clara sobre as tais matérias ditas “fracturantes”.
No entanto, apesar de ser expectável este comportamento dúbio por parte do novo líder parlamentar, não deixa de ser impressionante como num partido que supostamente visa a progressiva rectificação das desigualdades natural e socialmente causadas e a inscrição da paridade de possibilidades na acção política, se advogue numa questão de saúde pública, sem que as vozes internas contra isso se levantem, a permanência de distinções no acesso ao usufruto de cuidados básicos de saúde a todas as pessoas que optem pela realização do aborto, preferindo continuar a tapar os olhos com a peneira e a construir os destinos de muitas mulheres na clandestinidade...
Se isto é de um Partido Socialista!...