quinta-feira, abril 22, 2004
Regionalismos
O advogado do presidente do Gondomar FC e vice-presidente da Câmara de Gondomar explicou esta manhâ a um jornalista da TVI que a expressão «tráfico de influências» não se aplicava bem à região Norte, porque para cima do Mondego as pessoas eram mais chegadas, almoçavam umas com as outras, abraçavam-se, faziam favores como camaradas e amigos. Claro, dizia ainda o jurista, que as pessoas de Lisboa não percebem isto porque são frias e cínicas, pouco calorosas e nada prestáveis - onde é que já se viu um político lisboeta a oferecer uma torradeira aos seus eleitores. Deste modo, expressões como «tráfico de influências» ou «corrupção», bem como os códigos penais, os tribunais, os juízes e as leis em geral são invenções de um demónio centralista, frio e calculista que não percebe nada da antropologia nortenha. Faz sentido. Talvez fosse possível candidatar esta boa forma de ser português a património mundial, juntamente com a lampreia do Rio Minho, os ovos moles de Aveiro, a alheira de Mirandela e os Ferraris de Felgueiras. Acho que pelo menos apoios na Sícilia e no Paraguai não iam faltar.