sexta-feira, julho 30, 2004

Críticas de cinema e Lições básicas de matemática

Por uma questão de curiosidade, decidi dar uma vista de olhos ao suplemento "Indígena" do jornal Independente que tinha ao dispor aqui perto.
Com a atenção mais virada para a crítica do filme "Fahrenheit", da autoria do senhor Leonardo Ralha, voluntariei-me para ler a mesma de fio e pavio de molde a poder julgá-la e compará-la mais logo com a minha visualização do filme.
De forma expectável, o crítico do Independente propõe-se no seu texto levar a cabo a tarefa de desfazer, ponto por ponto, os argumentos de Michael Moore, no intuito de desmascarar a terrível manipulação da verdade que neles estão subsumidos, abstraindo-se, claro, "tanto quanto possível de preconceitos ideológicos", como o tipo-ideal da actividade de crítico de cinema postula.
Não conseguindo disfarçar minimamente os tais preconceitos ideológicos (a aposição destas ressalvas no destaque dos textos, geralmente é quase sempre um indício da garantia do que vem a seguir...), o crítico atinge o auge da sua tarefa inglória perto do final do texto quando refere:
"Se num universo de 1070 pais - partindo do princípio de que nenhum dos eleitos é viúvo ou viúva - existe um dos 140 mil estacionados no país e em 294 milhões de norte-americanos há cerca de 130 milhões com idade suficiente para terem filhos nas Forças Armadas, a proporção é idêntica".
Apostado em oferecer-nos esta "lição básica de matemática", como diz, esquece-se das lições básicas de representatividade estatística!
Honesto seria o crítico verificar se existe uma correspondência entre o peso proporcional dos distintos extractos sócio-económicos no conjunto da população americana e os 140 mil militares destacados no Iraque.
Desconfio que se esqueceu de dar ao trabalho de verificar esta lição básica de representatividade estatística por algum motivo...





1 comentário:

oliveirinha disse...

Para quem escreve sempre a favor dos Estados Unidos e mais propriamente afavor da Admnistração Bush, por incrível que isso possa ser, realmente, ao ver o filme de Michael Moore, fica necessariamente desconcertado. O meu comediante favorito, na categoria das baboseiras que dizem sem saber que fazem rir toda a gente que lê tamanha idiotice, vai concerteza para Luis Delgado.
Gostei do teu blog está bom, parabéns!