Um dos argumentos mais usados pelo PSD contra a esquerda é o da falta de responsabilidade. Desde que está no governo, o PSD apresentou-se como o partido que ia limpar as impurezas do país, impondo o rigor contra a irresponsabilidade da esquerda. Para isso rodearam-se de técnicos e burocratas. Os economistas neo-clássicos, os famosos gestores, para os quais a discussão entre direita e esquerda foi há muito ultrapassada pelas regras infalíveis e universais do cálculo económico, matematizaram o mundo: tudo o que foge à sua aritmética neo-liberal é pura irresponsabilidade. Manuela Ferreira Leite foi o rosto desta política em Portugal.
Gostava de perceber em que estado fica o discurso do rigor quando se sabe que Câmara de Lisboa, depois da liderança do novo primeiro-ministro, está um atoleiro de dívidas, que o orçamento do governo regional da Madeira tem défices crónicos, que o novo governo criou mais ministérios e secretarias de Estado e que pensa colocá-los nos lugares mais mirabolantes do país e que, em breve, vão chover novos contratos e nomeações.
O PSD, se lhe resta algum efémero resíduo de social-democracia - é tão invisível a esquerda do PS como a social-democracia no PSD - devia-se preocupar com a responsabilidade, a responsabilidade social. Afinal não é isso que define um social-democrata?
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