sexta-feira, julho 30, 2004

Críticas de cinema e Lições básicas de matemática

Por uma questão de curiosidade, decidi dar uma vista de olhos ao suplemento "Indígena" do jornal Independente que tinha ao dispor aqui perto.
Com a atenção mais virada para a crítica do filme "Fahrenheit", da autoria do senhor Leonardo Ralha, voluntariei-me para ler a mesma de fio e pavio de molde a poder julgá-la e compará-la mais logo com a minha visualização do filme.
De forma expectável, o crítico do Independente propõe-se no seu texto levar a cabo a tarefa de desfazer, ponto por ponto, os argumentos de Michael Moore, no intuito de desmascarar a terrível manipulação da verdade que neles estão subsumidos, abstraindo-se, claro, "tanto quanto possível de preconceitos ideológicos", como o tipo-ideal da actividade de crítico de cinema postula.
Não conseguindo disfarçar minimamente os tais preconceitos ideológicos (a aposição destas ressalvas no destaque dos textos, geralmente é quase sempre um indício da garantia do que vem a seguir...), o crítico atinge o auge da sua tarefa inglória perto do final do texto quando refere:
"Se num universo de 1070 pais - partindo do princípio de que nenhum dos eleitos é viúvo ou viúva - existe um dos 140 mil estacionados no país e em 294 milhões de norte-americanos há cerca de 130 milhões com idade suficiente para terem filhos nas Forças Armadas, a proporção é idêntica".
Apostado em oferecer-nos esta "lição básica de matemática", como diz, esquece-se das lições básicas de representatividade estatística!
Honesto seria o crítico verificar se existe uma correspondência entre o peso proporcional dos distintos extractos sócio-económicos no conjunto da população americana e os 140 mil militares destacados no Iraque.
Desconfio que se esqueceu de dar ao trabalho de verificar esta lição básica de representatividade estatística por algum motivo...





quarta-feira, julho 28, 2004

La Palisse

Naquilo que pensava ser um anúncio de grande impacte em termos de novidade, o Presidente da Associação de Turismo de Lisboa disse ontem ter garantias que o novo casino de Lisboa se irá situar no Pavilhão da Realidade Virtual... como se isso não fosse já do conhecimento de toda a gente desde há muito tempo! La Palisse não diria melhor...

terça-feira, julho 27, 2004

Bola

Para os amantes da bola, um site com alguns dos melhores momentos de sempre:
http://www.soccerpulse.com/forum/
lofiversion/index.php/t306.html

Pedintes

Há algumas semanas atrás foi anunciado, com pompa e circunstância, pelo Governo o reforço dos meios aéreos de combate aos incêndios.
Ontem o Governo português pediu auxílio externo, em aviões e helicópteros, para combater os fogos florestais que estão a lavrar pelo país.
Alguém me consegue explicar como é que isto é possível?

quinta-feira, julho 22, 2004

A modernidade

O Ikea chegou a Lisboa para revolucionar as casas portuguesas. Design para o povo, funcionalidade, novas soluções, faça você mesmo. Passo a publicidade, mas temos que agradecer aos nossos amigos suecos esta forma de democratizar o mobiliário. William Morris chamou-lhes as artes menores, sabendo que eram da maior importância.

Responsabilidade

Um dos argumentos mais usados pelo PSD contra a esquerda é o da falta de responsabilidade. Desde que está no governo, o PSD apresentou-se como o partido que ia limpar as impurezas do país, impondo o rigor contra a irresponsabilidade da esquerda. Para isso rodearam-se de técnicos e burocratas. Os economistas neo-clássicos, os famosos gestores, para os quais a discussão entre direita e esquerda foi há muito ultrapassada pelas regras infalíveis e universais do cálculo económico, matematizaram o mundo: tudo o que foge à sua aritmética neo-liberal é pura irresponsabilidade.  Manuela Ferreira Leite foi o rosto desta política em Portugal.

Gostava de perceber em que estado fica o discurso do rigor quando se sabe que Câmara de Lisboa, depois da liderança do novo primeiro-ministro,  está um atoleiro de dívidas, que o orçamento do governo regional da Madeira tem défices crónicos, que o novo governo criou mais ministérios e secretarias de Estado e que pensa colocá-los nos lugares mais mirabolantes do país e que, em breve, vão chover novos contratos e nomeações.
O PSD, se lhe resta algum efémero resíduo de social-democracia - é tão invisível a esquerda do PS como a social-democracia no PSD - devia-se preocupar com a responsabilidade, a responsabilidade social. Afinal não é isso que define um social-democrata?

O Novo-Burlesco

No intuito de combater um conjunto de restrições legais que foram instituídas na Big Aple na década de 90 (leis contra o álcool, o cigarro, a pornografia e tudo o que pudesse trazer algum prazer aos habitantes), têm renascido algumas das modas sonantes do passado na cosmopolita cidade de Nova Iorque. A mais sonantes dessa modas actuais é o Novo-Burlesco.
Herdeiro do oitocentista Burlesco, género teatral que combinava o Cabaré com o Teatro Revista, o Novo-Burlesco mistura o espectáculo circense com o freak-show.
Sempre atento às inovações da cena cultural internacional, Santana Lopes começou já a mimetizar esta corrente artística que visa levar os espectadores às gargalhadas para o seu Governo.
Em escassos 6 dias, e para combater os discursos pessimistas do governo anterior, o Executivo de Santana Lopes começou já a trazer alegria que escasseava ao povo depois de 2 anos de tanga.
Primeiro no anúncio da tomada de posse do seu Adjunto como Ministro do Mar (mas não das pescas, nem dos rios ou dos lagos), depois no desvio da nomeação da ex-Secretária de Estado da Segurança Social, garantida pelo Ministro do Mar como sua Secretária de Estado, para a Secretária das Artes, Santana Lopes começou já a dar provas inequívocas que o Novo-Burlesco veio para ficar próximos tempos para animar e dar cor a este anteriormente país cinzento!

terça-feira, julho 20, 2004

O últimos heróis desportivos

Quem consegue sentir a emoção de uma etapa de montanha na Volta à França sabe que aqueles homens que sobem paredes numa bicicleta são os últimos grandes heróis desportivos.

Pinguins: Vilar de Mouros 2004

Um pinguim madeirense de  espécie rara, das encostas do norte da ilha, atirou com um Corneto de morango ao cantor Bob Dylan durante o espectáculo que este apresentou no festival de Vilar de Mouros.

Perto do paraíso

Nesta última semana têm sido transmitidos na televisão portuguesa, de dois em dois dias, jogos do Benfica.

Homem não consegue sair do Fundão

Um jovem sociólogo beirão não consegue sair da sua terra. Mal se aproxima da auto-estrada há uma força poderosa que o devolve ao sofá da sua casa, numa casa no centro do Fundão. A Nasa já enviou cientistas para estudar o caso. Depois do nascimento de um rabanete de 56 kilos, em 1937,  este é mais um caso que abala a pacata cidade beirã.

Queremos os pinguins de volta

O blog do pato perdeu a sua densidade, a sua solidez, a sua dimensão metafórica em estado de graça para voltar a banalidade do comentário político. Queremos os pinguins de volta.

Lugares míticos e misteriosos

 
A esquerda do PS acaba de ganhar o prémio do lugar mais mítico e misterioso de Portugal, batendo a Boca do Inferno, o Cabo Espichel, a Lagoa das Sete Cidades e o Túnel das Antas. Ela existe, mas nunca ninguém a viu em acção.

quinta-feira, julho 15, 2004

O Demónio de Sócrates

Vós tendes frequentemente e em todo o lado ouvido dizer que um signo divino e demoníaco se manifesta em mim (...) Isso começou desde a minha infância; é uma espécie de voz que, quando se faz ouvir, me desvia sempre do que me proponho fazer, mas nunca me incita a isso. É ela que se opõe a que eu me ocupe da política, e creio que é de uma extrema felicidade para mim que ela me desvie disso.”
Apologia

terça-feira, julho 13, 2004

13-07-2008 - Parte II

Quatro anos após o anterior Presidente da República, Jorge Sampaio, tal como Deus, ao menino e ao borracho, entenda-se aliança Santana-Portas, ter colocado a mão por baixo, o Primeiro-Ministro, António Vitorino, anunciou hoje ao actual Presidente da República, Cavaco Silva, que recebeu um convite formulado pelo Partido Socialista Europeu, na sequência da vitória deste último partido nas recentes eleições para o Parlamento Europeu, para ser o homem do leme da Comissão Europeia para os anos vindouros, em substituição do líder vigente, José Barroso, considerado inepto pelo PSE para continuar a desempenhar as funções para as quais foi mandatado há quatro anos pelo PPE como “mínimo denominador comum”.
António Vitorino fez saber junto de Cavaco Silva que é sua intenção aceitar, finalmente, embora a contragosto, o convite por entender, entre outros motivos, ser de relevante interesse nacional que este cargo seja novamente preenchido por um português.
Cavaco Silva compreendeu a vontade de Vitorino e deu anuência para a satisfação desta sua velha pretensão.
Cavaco hesita agora entre na decisão a adoptar. As alternativas consistem na nomeação do vice-presidente do PS, José Sócrates, como novo líder do Governo ou na convocação de eleições antecipadas.
Admitida pelo próprio como a mais grave e difícil decisão a tomar no seu mandato, porque inédita, Cavaco alegou que irá iniciar um conjunto diversificado de auscultações de figuras representativas da sociedade civil portuguesa, ou seja, os dirigentes de associações patronais, os accionistas de topo dos maiores bancos portugueses e o Governador do Banco de Portugal, antes de tomar a decisão final.

quinta-feira, julho 08, 2004

A Internet chegou a Cavernães

Numa acção promocional, mas que simultaneamente serviu como medida de equalização dos desníveis sociais no acesso à Internet, a PT ofereceu ontem a uma associação de solidariedade social de uma aldeia do concelho de Viseu, um Kit de navegação "Sapo ADSL".
Até ontem arredadas da utilização da Rede em virtude das dificuldades económicas de muitos dos seus progenitores em possuírem computadores e em estabelecerem ligações virtuais, a oferta da PT traduziu-se num enorme contentamento para as crianças locais.
O encantamento foi tão grande que, segundo as próprias, teriam ficado muito felizes, mesmo se em vez da ligação ADSL cá colocassem a Internet mais lenta do mundo .
É que, como disseram, a partir de agora vamos poder fazer muito mais coisas..., sem, evidentemente, poderem explicitar que coisas seriam essas para além da ideia de que na Internet «dá para ir buscar coisas. O meu irmão foi lá buscar receitas de bolos. Também dá para ir buscar coisas sobre animais, não dá?».
Possuíndo, naturalmente, apenas uma noção muito vaga do potencial da Internet, quase sempre construída pelos media, designadamente pelos anúncios publicitários da televisão, a difusão da Internet continua a espalhar sobre os mais jovens, mesmo entre aqueles que nunca usufruíram dela, uma curiosidade irresistível.
O mérito destas iniciativas, sem estar a querer aprofundar muito outras análises relativas aos benefícios e aos perigos do uso da Internet, está precisamente em equalizar o primeiro nível de desigualdade de acesso a este imenso manancial de informação, comunicação e diversão, já que
ao invés de outras crianças mais bafejadas por dotes financeiros, para quem a desenvoltura na utilização da Rede é um dado adquirido há algum tempo, para aquelas crianças aquilo que até ontem conheciam da Internet era o que tinham visto «na televisão. Eles dizem: o sapo libertou- se. Mas não sei para onde foi. Terá ido para a Internet?», como perguntou Cláudia Amaral, de 10 anos.
A partir de agora a Cláudia e outras crianças, menos afortunadas financeiramente, já saberão para onde terá ido o Sapo.

quarta-feira, julho 07, 2004

Memória

Desde que emergiu este processo de sucessão governativa, têm sido diversos os argumentos invocados, quer pelos defensores da continuidade da assunção das funções executivas pela coligação formada em Abril de 2002 quer por aqueles que preconizam a convocação de eleições antecipadas por parte do Presidente da República.
Em termos genéricos, os defensores da continuidade alegam a estabilidade governativa, a coesão da coligação PSD/PP ou a colocação em risco da tão propalada como dúbia retoma económica como motivos legítimos para a condução de Santana Lopes à chefia do Governo.
Os adeptos de eleições antecipadas apoiam-se na (falta de) legitimidade eleitoral de Santana Lopes e, por inerência, de todo o futuro Governo para conduzir os destinos próximos do País, no primado de responsabilização dos eleitores e na necessidade de se atender aos recentes resultados eleitorais para sustentarem a ida às urnas.
Estando a minha opinião incluída no lote dos que perfilham a necessidade do País ir a votos, e sem desmerecer nenhum dos argumentos atrás mencionados para legitimar tal decisão, o que mais me impressiona e mais chocaria na eventualidade de sucessão governativa que contemplasse a figura de Santana Lopes como Primeiro-Ministro, é a ideia de uma memória traída do seu Governo
Uma memória que remonta não à consciência de um passado remoto, mas que data de há pouco mais de 2 anos.
- Uma memória que contempla o demissionário Durão Barroso a acusar o seu antecessor de cobardia e de ter fugido às suas responsabilidades políticas, quando depois fez o mesmo;
- Que recorda Durão Barroso a apelar, após a demissão de Guterres, para a imediata necessidade de convocação de eleições, para agora solicitar ardentemente a não auscultação dos cidadãos na nomeação de um novo Governo;
- Que se lembra de ouvir Durão Barroso intitular num Congresso do PSD o seu agora sucessor como uma mistura de Zandinga e Gabriel Alves;
- Que evoca um passado recente onde Santana Lopes considerava o seu agora desejado líder de parceiro de coligação como um indivíduo que, obstinadamente, tudo fazia para denegrir todos os líderes do PSD desde Sá Carneiro, algo que Santana Lopes asseverava nunca ir esquecer;
De todo este histórico em tom de encómios recíprocos estes indivíduos fizeram agora tábua rasa... O primado do apego ao poder e a satisfação de ambições pessoais e partidárias consegue mascarar antipatias tão profundas como foram aquelas que foram reveladas, ao ponto de conseguir congregar no mesmo barco tantas falsas aparências!
Se não fosse por outro motivo, só o facto destes actores demonstrarem tanto fingimento e de se disporem a obliterar a memória tão facilmente, do tipo "Despertar da Mente", é razão mais do que suficiente para os cidadãos do País decidirem se os querem a governar o País, ou não.

segunda-feira, julho 05, 2004

Trappatoni, si!

E como de desilusões futebolísticas já chegaram as deste ano (Liga dos Campeões e Campeonato da Europa, ainda por cima competições perdidas sempre para adversários de menor capacidade futebolística...), a contratação de Trapatoni pelos rivais da 2ª circular serve para animar um pouco o dia!
Realmente, valeu a pena o tempo de espera para contratarem essa velha raposa do cattenacio...
A meu ver, a única esperança do SLB poderá ser a passagem a técnico principal a meio da época daquele que se adivinha futuro tradutor de Trappatoni em Portugal.
Vocês sabem do que é que eu estou a falar!

domingo, julho 04, 2004

Lutas laborais

Uma adepta grega acaba de afirmar na televisão que Deus é grego e, consequentemente, a vitória da equipa helénica é certa. Complicado. Portugal conta apenas com a nossa senhora de Caravagio e a nossa senhora de Fátima que, pelos vistos, andam a mijar fora do penico pois lá nas alturas a fidelidade laboral é uma característica importante e o patrão é que manda. Há, no entanto, a possibilidade da adepta grega estar a mentir. O portuense João Meireles diz que tem provas irrefutáveis de que Deus é do Boavista.

sexta-feira, julho 02, 2004

Eu também vou!

Informo os parceiros do Pato que fui também chamado a fazer ouvir a minha voz junto de Sua Excelência o Presidente da República, a propósito da indecisão governamental, em audiência, na próxima terça-feira à tarde assim que termine o expediente, o que irá acontecer lá para as 17h30 18h, em princípio.
Aproveito ainda para questionar algum parceiro se me sabe dizer que é a carreira da Carris
que faz o percurso entre a zona Oriental da Capital e a zona de Belém?

Uma laracha

Qual a diferença entre Portugal e a República Checa?
A República Checa tem o governo em Praga, Portugal vai ter uma praga de Governo...

Metáfora nórdica

Pedi a um amigo que desse uma olhada no nosso blogue. Ele enviou-me um mail que passo a reproduzir.

Fui à morada que me deste mas devo-me ter enganado.
Só encontrei posts sobre pinguins, icebergues, a vida no Polo Norte, pinguins do Polo Norte para o Polo Sul, a nossa senhora de Fátima, o Paulo empoleirado na duna, a rebentação das ondas. Eu tenho uma veia poética mas isto para mim é demais.

Um abraço do teu amigo

Ricardo Barbosa

O Euro acabou, já não era sem tempo

Esta coisa de a Grécia ir à final do Euro com Portugal torna qualquer torneio de snooker na associação recreativa de Freixo de Espada à Cinta mais interessante do que o último jogo da competição. A Grécia, para quem não saiba, é aquela equipa que joga futebol como os italianos nos seus piores dias e que é treinada por um alemão. Qualquer filme do Manoel de Oliveira é animadíssimo quando comparado com o futebol grego. Do outro lado, estão os novos heróis nacionais, os novos Vascos da Gama. Para quem não saiba, Portugal, é aquela equipa bestialmente parecida com o FC do Porto mas só que em em vez de ser treinada por aqueles rapaz simpático e modesto de Setúbal tem ao comando a nossa Senhora de Caravagio e a gravata do Durão Barroso, perdão, do José Barroso. E depois há ainda um brasileiro lá pelo meio, mas ainda não percebi bem qual é o papel dele.
Estou desejoso que chegue o dia cinco, quando o Benfica apresenta a sua nova equipa. Estou farto de Portugal. Confesso que neste momento prefiro um sportinguista ou um portista a um português. São menos histéricos e nos jogos destes bons clubes não temos que aturar o José Barroso nos flashs interviews depois dos jogos(César, junta esta ao teu glossário de anglicismos parolos.)

A Fuga de Durão

É preciso combater, por não ser verdade, a ideia de que a presença de Durão em Bruxelas dignifica o país. Não é verdade, dignifica-o, quanto muito, a ele próprio. O país não ganha, nem perde. Durão fugiu, sabendo que os dois próximos anos iam ser complicados e que, muito provavelmente, iria perder as eleições em 2006. Mas se Durão fugiu, como Guterres o tinha feito, se a equipa do Dr. Lopes pouco terá a ver com a que neste momento nos governa, resta escolher outro grupo, através da realização de eleições legilativas antecipadas, para governar o rectângulo.