«A liberdade nasce com a aurora da Humanidade, é uma necessidade intrínseca do progresso e caminha a par da dignidade humana. Sem dignidade não há liberdade e por isso as ditaduras não se sustentam a não ser pela força».
Emídio Guerreiro
quinta-feira, junho 30, 2005
A aquisição
Sem a arte do sorvete caseiro criado pela mão do artífice, o novo corneto manga/cenoura da Olá é uma aposta segura da indústria dos gelados para este ano. Esperemos que se aguente para a próxima temporada, não prosseguindo na senda do triste calvário do Fizz Limão.
quarta-feira, junho 22, 2005
Football Club United of Manchester
A recente criação de um novo clube por parte de um grupo de adeptos dissidentes do Manchester United, em sinal de desagrado provocado pela compra da maioria do capital do famoso clube das Midlands pelo magnata norte-americano Malcolm Glazer, surge, indiscutivelmente, como um grito de alerta e revolta para o perigo de desvirtuação da identidade clubística e de valores do jogo que ameaça corroer algumas agremiações futebolísticas espalhadas por essa Europa fora.
Tornado o clube mais rico do planeta na década de 90, e historicamente expoente máximo da globalização da indústria futebolística, o United tornou-se recentemente alvo de atracção por parte daquele multimilionário norte-americano, o que não sendo uma novidade nos dias de hoje, distancia-se ainda assim de casos semelhantes, como o Chelsea, por ter sido accionado por parte de um indivíduo garantidamente sem qualquer vínculo emocional ao jogo ou ao clube. Creio ter sido a partir daqui que boa parte da revolta se instalou entre os adeptos dissidentes.
Ao invés do que sucedeu com o Chelsea de Abrahamovic, por exemplo, um clube de bairro, habitualmente arredado de feitos de relevo alcançados nos relvados, que não desperta grande fervor na velha Albion, o United é um clube com expressão por toda a ilha, recheado de proezas futebolísticas ao longo do seu tempo de vida e detentor de um rico historial de atletas célebres, alguns deles a quem a vida foi tragicamente ceifada nos céus de Munique.
A sua eclosão primordial deve-se à vontade de um grupo de trabalhadores dos caminhos de ferro, operários ferroviários, que no século 19 viam no jogo uma forma não violenta de enfrentar de igual para igual a agremiação das elites locais, o City. A marca genética do clube em termos do perfil social dos seus adeptos de base manteve-se com o correr dos anos, não obstante as necessárias nuances introduzidas pela crescente popularidade nacional e internacional do mesmo.
Sabiam os adeptos que o clube era comandado por dirigentes que, apesar da pretensão de progressiva mercantilização da marca e obtenção de lucros, o United continuava a ter à sua frente indivíduos, se não todos, pelo menos alguns, que além de deterem uma visão estratégica do clube como instrumento de receitas globais, possuíam simultaneamente uma adesão emocional incondicional ao clube.
A circunstância de Glazer ser originário de um país que não possui uma tradição histórica no jogo, de nunca ter partilhado a memória colectiva de vitórias, derrotas e tragédias que formatou muitos dos fãs do United, e de provavelmente subestimar esse passado em prol exclusivamente da rentabilidade financeira do seu investimento, terá sido uma gota de água muito grande para a imagem dos ideais de agremiação clubística que seriam intocáveis aos 2600 antigos adeptos do United.
A ver vamos se em breve serão seguidos por outros adeptos, numa tentativa de recuperação da pureza perdida do jogo.
Tornado o clube mais rico do planeta na década de 90, e historicamente expoente máximo da globalização da indústria futebolística, o United tornou-se recentemente alvo de atracção por parte daquele multimilionário norte-americano, o que não sendo uma novidade nos dias de hoje, distancia-se ainda assim de casos semelhantes, como o Chelsea, por ter sido accionado por parte de um indivíduo garantidamente sem qualquer vínculo emocional ao jogo ou ao clube. Creio ter sido a partir daqui que boa parte da revolta se instalou entre os adeptos dissidentes.
Ao invés do que sucedeu com o Chelsea de Abrahamovic, por exemplo, um clube de bairro, habitualmente arredado de feitos de relevo alcançados nos relvados, que não desperta grande fervor na velha Albion, o United é um clube com expressão por toda a ilha, recheado de proezas futebolísticas ao longo do seu tempo de vida e detentor de um rico historial de atletas célebres, alguns deles a quem a vida foi tragicamente ceifada nos céus de Munique.
A sua eclosão primordial deve-se à vontade de um grupo de trabalhadores dos caminhos de ferro, operários ferroviários, que no século 19 viam no jogo uma forma não violenta de enfrentar de igual para igual a agremiação das elites locais, o City. A marca genética do clube em termos do perfil social dos seus adeptos de base manteve-se com o correr dos anos, não obstante as necessárias nuances introduzidas pela crescente popularidade nacional e internacional do mesmo.
Sabiam os adeptos que o clube era comandado por dirigentes que, apesar da pretensão de progressiva mercantilização da marca e obtenção de lucros, o United continuava a ter à sua frente indivíduos, se não todos, pelo menos alguns, que além de deterem uma visão estratégica do clube como instrumento de receitas globais, possuíam simultaneamente uma adesão emocional incondicional ao clube.
A circunstância de Glazer ser originário de um país que não possui uma tradição histórica no jogo, de nunca ter partilhado a memória colectiva de vitórias, derrotas e tragédias que formatou muitos dos fãs do United, e de provavelmente subestimar esse passado em prol exclusivamente da rentabilidade financeira do seu investimento, terá sido uma gota de água muito grande para a imagem dos ideais de agremiação clubística que seriam intocáveis aos 2600 antigos adeptos do United.
A ver vamos se em breve serão seguidos por outros adeptos, numa tentativa de recuperação da pureza perdida do jogo.
terça-feira, junho 14, 2005
Sobre Álvaro Cunhal
Nos discursos produzidos acerca de Álvaro Cunhal nestas horas após a sua morte nos e pelos media, principalmente por figuras políticas mais ou menos relevantes e pelos agentes dos media, continuam a ser visíveis as marcas da discórdia que a figura de Cunhal foi despertando ao longo dos anos.
Personalidade controversa, não imune a muitas críticas sobre determinados posicionamentos políticos, que, do meu ponto de vista são justas e precisas, entendo que não deve ser na sua morte que se deve vedar a capacidade crítica dos outros se pronunciarem sobre a sua pessoa.
Mas a condição individual de se poder exercer o direito à palavra, em frente a um microfone, num ecrã televisivo ou nas páginas de um jornal, para se apontar o dedo a alguém, atribuindo-lhe acções nefastas e perversas para um determinado processo, deveria pressupor duas obrigações éticas:
- a primeira, pressupõe que cada indivíduo, antes de verberar outro indivíduo, fizesse um juízo pessoal de auto-consciência acerca do seu papel pessoal na situação que critica;
- a segunda, que se tivesse presente na memória toda a cronologia desse alguém, de molde a erradicar selectivivades temporais e comportamentais.
São estes dois preceitos que algumas pessoas não têm tido presente quando se abalançam a tecer comentários acintosos sobre a figura de Álvaro Cunhal. Quando elas invocam unicamente a predisposição do histórico líder comunista no período do PREC para a abolição dos direitos, liberdades e garantias do povo português, devem elas julgar-se a si próprias sobre o comportamento por que se pautaram no passado, porque muitas delas já eram bem crescidinhas no Antigo Regime, e portanto conheciam a "massa" de que este era feito.
Se há julgamento maniqueísta que pode ser feito com à vontade, certamente que deve ser sobre a posição, a atitude e o comportamento individual exercido durante a mais longa ditadura da história nas sociedades ocidentais.
Aí, Cunhal, tem as costas muito largas, como muitos anónimos neste país. Lutou e combateu incansavelmente um regime predador, como nenhum outro na história deste país, dos tais direitos, liberdades e garantias. Arriscou a vida inúmeras vezes e pagou um preço muito caro durante mais de uma década, em que esteve aprisionado.
Ao invés, a História não reconhece aos Ribeiros e Castros e às Marias Josés Nogueira Pintos, a miníma atitude contestária ao regime fascista português. Se a ele se opuseram alguma vez, fizeram-no sentados de poltrona, certamente...
A análise histórica dos acontecimentos, dos factos ou das pessoas postula uma observação diacrónica e total, para não ferir de morte a legitimidade de quem a produz. Relevar no passado apenas aquilo que mais nos convém, ao sabor das conveniências pessoais, além de intelectualmente desonesto, contraria o velho ditado de atribuir a "César o que é de César". E a Álvaro Cunhal não devem ser colados apenas os aspectos mais justamente criticáveis, mas igualmente o papel ímpar e incontornável para que hoje os indispensáveis direitos, liberdades e garantias, estejam constitucionalmente consignados em Portugal.
Felizmente, a maioria dos portugueses, sendo comunista ou não, reconhece justiça a quem a merece.
Personalidade controversa, não imune a muitas críticas sobre determinados posicionamentos políticos, que, do meu ponto de vista são justas e precisas, entendo que não deve ser na sua morte que se deve vedar a capacidade crítica dos outros se pronunciarem sobre a sua pessoa.
Mas a condição individual de se poder exercer o direito à palavra, em frente a um microfone, num ecrã televisivo ou nas páginas de um jornal, para se apontar o dedo a alguém, atribuindo-lhe acções nefastas e perversas para um determinado processo, deveria pressupor duas obrigações éticas:
- a primeira, pressupõe que cada indivíduo, antes de verberar outro indivíduo, fizesse um juízo pessoal de auto-consciência acerca do seu papel pessoal na situação que critica;
- a segunda, que se tivesse presente na memória toda a cronologia desse alguém, de molde a erradicar selectivivades temporais e comportamentais.
São estes dois preceitos que algumas pessoas não têm tido presente quando se abalançam a tecer comentários acintosos sobre a figura de Álvaro Cunhal. Quando elas invocam unicamente a predisposição do histórico líder comunista no período do PREC para a abolição dos direitos, liberdades e garantias do povo português, devem elas julgar-se a si próprias sobre o comportamento por que se pautaram no passado, porque muitas delas já eram bem crescidinhas no Antigo Regime, e portanto conheciam a "massa" de que este era feito.
Se há julgamento maniqueísta que pode ser feito com à vontade, certamente que deve ser sobre a posição, a atitude e o comportamento individual exercido durante a mais longa ditadura da história nas sociedades ocidentais.
Aí, Cunhal, tem as costas muito largas, como muitos anónimos neste país. Lutou e combateu incansavelmente um regime predador, como nenhum outro na história deste país, dos tais direitos, liberdades e garantias. Arriscou a vida inúmeras vezes e pagou um preço muito caro durante mais de uma década, em que esteve aprisionado.
Ao invés, a História não reconhece aos Ribeiros e Castros e às Marias Josés Nogueira Pintos, a miníma atitude contestária ao regime fascista português. Se a ele se opuseram alguma vez, fizeram-no sentados de poltrona, certamente...
A análise histórica dos acontecimentos, dos factos ou das pessoas postula uma observação diacrónica e total, para não ferir de morte a legitimidade de quem a produz. Relevar no passado apenas aquilo que mais nos convém, ao sabor das conveniências pessoais, além de intelectualmente desonesto, contraria o velho ditado de atribuir a "César o que é de César". E a Álvaro Cunhal não devem ser colados apenas os aspectos mais justamente criticáveis, mas igualmente o papel ímpar e incontornável para que hoje os indispensáveis direitos, liberdades e garantias, estejam constitucionalmente consignados em Portugal.
Felizmente, a maioria dos portugueses, sendo comunista ou não, reconhece justiça a quem a merece.
quinta-feira, junho 09, 2005
Da ofensa
A condicao de ofendido ja serviu melhor a humanidade. Tempos houve em que se ficava ofendido pela iniquidade de regimes politicos, pelas mas condicoes de trabalho, pelo aumento de impostos, pela privatizacao da seguranca social, pela injustica das guerras , pela permanencia das fomes, pela divisao de herancas familiares, pela honra de alguma dama. Mas hoje nao, ha quem se sinta ofendido por causa dos onze rapazes que correm atras de uma bola. E legitimo. Mas qual e a causa da ofensa, se me permitem ser mais especifico? A agremiacao desportiva que apoio, os rapazes de vermelho que apesar de nao jogarem pevide la ganharam o campeonato, foi acusada neste blogue, entre outras coisas, de corrupcao, trafico de influencias, de conluio com regimes fascistas, branqueamento das politicas do novo governo, roubo de patentes (todas com origem no MIT portugues de Alvalade, onde, alias, tambem se inventou a roda), de ser apoiada pelo povo ignaro e alienado e de ser a vergonha de Portugal (como se o Benfica tivesse por obrigacao representar alguem alem dos seus adeptos e associados). Perante este rol digno dos Julgamentos de Nuremberga, a que falta porventura alguma ligacao a Al-Qaeda, eu apenas afirmei, metaforicamente, que os adeptos do Sporting se parecem com melancias, alias um fruto com o qual simpatizo. Convinhamos que nao e assim tao contundente. Claro que a afirmacao peca por generalizacao. Ha adeptos do Sporting que gostam de futebol, que gostam do futebol da sua equipa e que nao definem a sua identidade social por odiarem o outro. As minhas desculpas a essa minoria.
quarta-feira, junho 08, 2005
Chega!
De psicologia e de escrever neste blog. A partir do momento em que se entra no campo das ofensas pessoais - e eu considero ter sido insultado - não faz mais sentido andar por aqui. Cumprimentos.
terça-feira, junho 07, 2005
A Psicologia da Segunda Circular III
Assim de repente, so me interessa falar do Sporting em relacao a um aspecto : o brilhante futebol que o clube do Leao praticou na ultima epoca. Ora ai esta algo que nao me importava fosse imitado no outro lado da Segunda Circular. Curiosamente, nao ouvi a um sportinguista uma palavra, ou li uma linha de texto, sobre este assunto, que, porventura, por raiva ou ignorancia, devem considerar menor. Nas suas cabecas, que se assemelham a melancias, ostenta-se o verde, mas por dentro so se ve o vermelho. Um caso psiquiatrico a que so posso desejar melhoras rapidas.
A psicologia da Segunda Circular II
Emulação...
Quem decidiu primeiro constituir uma Sociedade Anónima Desportiva para o futebol do seu clube? Quem o imitou?
Quem decidiu primeiro construir um novo estádio, ainda antes de se saber que haveria um Campeonato da Europa em Portugal? Quem o imitou?
Quem decidiu primeiro construir um Centro de Estágio para a equipa principal e para as camadas jovens do seu clube? Quem o imitou? (Esta premissa até está a mais, visto que uma 1ª pedra não pode rivalizar com uma obra já construída e inaugurada há três anos. As minhas desculpas.)
Após onze anos de míngua, quiçá já perdido num recanto obscuro da memória o local onde se comemoravam os títulos, onde se comemorou o título 2004/05? No local de comemoração por excelência do clube rival. Sob o olhar do majestoso leão do Marquês.
Conclusão: Afinal parece não ser tão inimaginável assim que também para os lados do Colombo, se perca até mais do que um minuto em considerações sobre o que se faz do outro lado da rua...
Quem decidiu primeiro constituir uma Sociedade Anónima Desportiva para o futebol do seu clube? Quem o imitou?
Quem decidiu primeiro construir um novo estádio, ainda antes de se saber que haveria um Campeonato da Europa em Portugal? Quem o imitou?
Quem decidiu primeiro construir um Centro de Estágio para a equipa principal e para as camadas jovens do seu clube? Quem o imitou? (Esta premissa até está a mais, visto que uma 1ª pedra não pode rivalizar com uma obra já construída e inaugurada há três anos. As minhas desculpas.)
Após onze anos de míngua, quiçá já perdido num recanto obscuro da memória o local onde se comemoravam os títulos, onde se comemorou o título 2004/05? No local de comemoração por excelência do clube rival. Sob o olhar do majestoso leão do Marquês.
Conclusão: Afinal parece não ser tão inimaginável assim que também para os lados do Colombo, se perca até mais do que um minuto em considerações sobre o que se faz do outro lado da rua...
segunda-feira, junho 06, 2005
A psicologia da Segunda Circular
No outro dia, uma apresentadora de radio inglesa anunciava com alguma emocao que uma sondagem sobre a opiniao que os europeus tinham dos franceses indicava que estes eram considerados arrogantes, chauvinistas, malcriados etc, etc. Descendo na escala da sondagem, a locutora passou a enunciar aquilo que os ingleses achavam dos franceses. Os adjectivos tornaram-se mais carregados. De seguida, perguntou a uma representante da embaixada francesa em Londres o que achava da dita sondagem. A senhora, num ingles com sotaque vincado, sorriu, e agradeceu espantada a dedicacao que os ingleses prestavam ao seu povo, garantindo ainda que em Franca era inimaginavel que se perdesse um minuto em consideracoes sobre os ingleses.
sexta-feira, junho 03, 2005
Já à venda... numa loja perto de si.
A colectividade à qual foi entregue o título de campeão nacional de futebol já colocou à venda os equipamentos para a próxima temporada. Estão disponíveis as indumentárias de jogador de campo, guarda-redes, árbitro e fiscal-de-linha. Os dois últimos não têm chuteiras incluídas.
quinta-feira, junho 02, 2005
Dias Mundiais
Desengane-se quem pensou que a proposta de criação do "Dia mundial da criança por nascer", foi a única novidade dada a conhecer pelo CDS-PP, ontem em conferência de imprensa.
Inspirado pelo suplemento satírico "Inimigo Público", este partido pretende implementar doravante a comemoração institucional de mais algumas efemérides, que "se não aconteceram podiam perfeitamente ter acontecido". São elas:
- o dia da vitória da equipa de ciclismo do Sporting, no dia 14 de Abril de 1947, na clássica do ciclismo nacional, Alenquer-Mafra;
- o dia da descoberta de Penicilina, pelos irmãos Correia, residentes no Sabúgal, no dia 19 de Novembro de 1928;
- o dia da derrota das forças malignas comandada por Darth Vader, na Batalha de Melgaço, em 8 de Janeiro de1989;
- e por fim, o dia da fundação do CDS, no dia 19 de Julho de 1974, por Basílio Horta.
Inspirado pelo suplemento satírico "Inimigo Público", este partido pretende implementar doravante a comemoração institucional de mais algumas efemérides, que "se não aconteceram podiam perfeitamente ter acontecido". São elas:
- o dia da vitória da equipa de ciclismo do Sporting, no dia 14 de Abril de 1947, na clássica do ciclismo nacional, Alenquer-Mafra;
- o dia da descoberta de Penicilina, pelos irmãos Correia, residentes no Sabúgal, no dia 19 de Novembro de 1928;
- o dia da derrota das forças malignas comandada por Darth Vader, na Batalha de Melgaço, em 8 de Janeiro de1989;
- e por fim, o dia da fundação do CDS, no dia 19 de Julho de 1974, por Basílio Horta.
quarta-feira, junho 01, 2005
Sô Nicolau
Desde há longos anos é uma aparição nocturna habitual na Estrada Nacional 337/1. Não é um vulto estranho naquele período, pois que a sua actividade profissional exige que ele se faça à estrada durante a noite. Padeiro há muito anos, o Sô Nicolau pedala diariamente, pelas bordas do alcatrão, uns bons quilómetros na sua eterna e inconfundível bicicleta amarela, desde a aldeia de Tondelinha até Viseu, ainda que perigosamente o faça sem iluminação no seu veículo...
É um percurso relativamente sinuoso, com um subida considerável quando se vai em direcção a Viseu, mas quando a força para pedalar esmorece o Sô Nicolau continua sempre, caminhando e levando a bicicleta à mão, à chuva, ao frio ou ao calor. Se há algo que não se pode acusar o Sô Nicolau é de fazer gazeta aos seus compromissos profissionais.
Para sempre marcado por uma doença que em criança o atacou (consta que terá sido a meningite) e que nele deixou sequelas permanentes, o Sô Nicolau precocemente viu morrer o seu pai, ficando a cargo da mãe até à falecimento desta. Com o desaparecimento da progenitora, o Sô Nicolau ficou entregue a si próprio numa época em que o apoio e a assistência médica e material eram um privilégio ao qual a sua condição social não permitia aspirar.
Alguém que acreditou na sua capacidade, não obstante a perda de faculdades mentais que assolou o Sô Nicolau após a doença, empregou-o como padeiro. Até hoje, continua a abraçar a mesma profissão que o ocupa na maior parte do tempo, seja na actividade propriamente dita, seja nos tempos de deslocação para o local de trabalho. O resto do seu tempo é passado em confraternização com os seus conterrâneos e cumprindo rigorosamente dois rituais, que, passe o pleonasmo, são o pão de muitos dos seus dia-a-dias:
Marcar presença em todos os funerais de da freguesia, ainda que o faça, por vezes, com alguns minutos de atraso, que o obrigam a acelerar vertiginosamente a velocidade com que se desloca, proporcionando a execução de manobras na bicicleta somente ao alcance de poucos, cabriolando por entre magotes de pessoas e fazendo rápidos piões para saltar da bicicleta em movimento e assim mais rapidamente chegar à Igreja, e vestir o seu fato domingueiro no respectivo dia.
É um percurso relativamente sinuoso, com um subida considerável quando se vai em direcção a Viseu, mas quando a força para pedalar esmorece o Sô Nicolau continua sempre, caminhando e levando a bicicleta à mão, à chuva, ao frio ou ao calor. Se há algo que não se pode acusar o Sô Nicolau é de fazer gazeta aos seus compromissos profissionais.
Para sempre marcado por uma doença que em criança o atacou (consta que terá sido a meningite) e que nele deixou sequelas permanentes, o Sô Nicolau precocemente viu morrer o seu pai, ficando a cargo da mãe até à falecimento desta. Com o desaparecimento da progenitora, o Sô Nicolau ficou entregue a si próprio numa época em que o apoio e a assistência médica e material eram um privilégio ao qual a sua condição social não permitia aspirar.
Alguém que acreditou na sua capacidade, não obstante a perda de faculdades mentais que assolou o Sô Nicolau após a doença, empregou-o como padeiro. Até hoje, continua a abraçar a mesma profissão que o ocupa na maior parte do tempo, seja na actividade propriamente dita, seja nos tempos de deslocação para o local de trabalho. O resto do seu tempo é passado em confraternização com os seus conterrâneos e cumprindo rigorosamente dois rituais, que, passe o pleonasmo, são o pão de muitos dos seus dia-a-dias:
Marcar presença em todos os funerais de da freguesia, ainda que o faça, por vezes, com alguns minutos de atraso, que o obrigam a acelerar vertiginosamente a velocidade com que se desloca, proporcionando a execução de manobras na bicicleta somente ao alcance de poucos, cabriolando por entre magotes de pessoas e fazendo rápidos piões para saltar da bicicleta em movimento e assim mais rapidamente chegar à Igreja, e vestir o seu fato domingueiro no respectivo dia.
Subscrever:
Mensagens (Atom)