sexta-feira, dezembro 23, 2005

barcos gregos

O país anda distraído com as presidenciais, cuja campanha tem um nível ligeiramente mais elevado do que os reality shows da TVI. Sócrates deve estar satisfeito. Entretanto as estatísticas, imperiais, vão dando mostras do percurso da nossa modernização. Portugal nunca deixou de ser um país de emigrantes. O facto de agora recebermos muita gente parece ter ocultado essa permanência. A emigração voltou, no entanto, a crescer. Não se trata de uma emigração qualificada, mas a mesma de sempre, a da pobreza, originária em grande parte da região norte do país.
Cantavam os Xutos, no auge da sua criatividade: "Já estou farto de procurar Um sítio para me encaixar Mas não pode ser Está tudo cheio, tão cheio, cheio, cheio Mas o que é que eu vou fazer Eu vou para longe, para muito longe Fazer-me ao mar, num dia negro Vou embarcar, num barco grego Falta-me o ar, falta-me emprego Para cá ficar Já estou farto de descobrir Tantas portas por abrir Mas não pode ser, é tudo feio, tão feio, feio Mas o que é que eu vou fazer"