terça-feira, agosto 31, 2004

Portugal Olímpico

Tenho à minha frente o quadro completo das medalhas atribuídas nos jogos olímpicos de Atenas. Portugal situa-se no 61.º lugar entre os setenta e cinco países que ganharam alguma coisa. A equipa nacional alcançou duas medalhas de prata e uma de bronze. Destas, apenas a última me parece poder ser considerada o resultado de um qualquer investimento estrutural. Rui Silva é há muito um valor evidente e, embora não se esperasse dele uma medalha, sabia-se que poderia fazer um bom resultado. O feito de Sérgio Paulinho, sem lhe tirar o mérito, muito dificilmente se voltará a repetir. Foi, de certa forma, um feliz acaso. Francis Obikwelu é um nigeriano que treina em Espanha e que Portugal, e muito bem, acolheu na sua equipa. É fantástico o que fez, mas não se pode considerar o produto da política desportiva do país. Não é preciso recorrer ao quadro de medalhas para perceber o desastre que é a actividade desportiva em Portugal. No país do futebol fala-se muito e pratica-se pouco. Agitam-se bandeirinhas pela pátria mas não se percebe quão efémeras são as conquistas do futebol face à fragilidade de tudo o resto. É certo que as medalhas não são o único, sem sequer o melhor, critério de avaliação da saúde desportiva de uma população. Mas basta ouvir as queixas de atletas, nadadores, judocas, velejadores, corredores, etc, para perceber que o que fazem é quase sempre muito mais do que tinham que fazer. É nestas ocasiões que os argumentos esgrimidos por aqueles que lutaram contra o “país dos dez estádios” parecem realmente válidos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Portugal teve três medalhas: 2 de prata e uma de bronze.
O Sporting teve 4 medalhas 1 de ouro e três de Prata, ora aqui está um clube que supera a dimensão do país...