O cozinhado é conhecido. De forma um pouco simplista sabemos que o desemprego gera criminalidade e que os emigrantes são responsabilizados pelas duas coisas. O arrepiante nisto tudo é que o discurso racista anti-emigrante não vem de cima, da superestrutura política. Em Portugal, mesmo os partidos mais à direita não se aproximam do tipo de discurso que ouço diariamente em Inglaterra. O problema vem de baixo, tem origem na ignorância e começa a ser alimentado, por alguns jornais populares. É fácil culpar o emigrante, produzir generalizações idiotas, tomar o indivíduo pelo grupo, não compreender que os emigrantes, na sua grande parte, são explorados e não exploradores.
Alguém devia procurar explicar aos portugueses que foram e são eles, sobretudo os que estão perto do poder económico, político e cultural, os responsáveis pelo país que temos. Em suma, Portugal não peca por excesso de emigrantes, mas tem com certeza alguns portugueses a mais.