sexta-feira, julho 29, 2005

Partidos e Media

Com a aproximação das eleições autárquicas, tem sido possível constatar o aumento de frenesim na actividade dos vários candidatos e partidos, primeiro na disputa do melhor “boneco” para os cartazes, depois na divulgação das mensagens nos espaços de antena que as televisões concedem e em breve nos decisivos debates televisivos entre candidatos, nomeadamente das duas principais cidades.
Para os eleitores indecisos de Lisboa e Porto, será essencialmente na ágora televisiva que se irão dissipar as dúvidas quanto ao sentido de voto no candidato a escolher. Representante maior dos media, a televisão, simultaneamente, é o principal instrumento difusor de informações das nossas sociedades e o campo de batalha principal pelo poder.
Quem está fora dos media, apenas reside num limbo político. Sem os media, e principalmente a televisão, não é possível adquirir ou exercer poder, daí estes se terem vindo a tornar nas últimas décadas o espaço privilegiado da luta política.
Graças ao efeito convergente da crise dos sistemas políticos tradicionais e do acréscimo do grau de penetrabilidade dos media, a informação e a comunicação políticas têm sido crescentemente dirigidas aos destinatários através dos media, daqui sucedendo que sendo o acontecimento político um processo aberto, a sua organização esteja enquadrada pela lógica pelos media.
Em virtude dos media privilegiarem a comunicação simplificada, o efeito desta convergência traduz-se inevitavelmente na personalização das opções políticas e partidárias, dificultando acesso dos partidos aos media. Os partidos deixam de ser a principal fonte de influência de opinião dos cidadãos, em prol de fontes externas ao sistema político, como os media, e, consequentemente, o fosso entre partidos e cidadãos aumenta.
Com o aprofundamento desta distância, é tanto o exercício de cidadania quanto a vivência democrática que ficam seriamente abaladas.