A cultura do ódio utiliza como arma de coesão interna a invenção do adversário: somos mais fortes e unidos com um inimigo forte. A lógica pegou bem na colagem do FC Porto à cidade do Porto, supostamente esmagada pelo poder centralista representado pelos clubes da capital, especialmente pelo Benfica. O Benfica não era apenas um clube de futebol mas o representante da injustiça centralista. Claro que os porta-vozes que reivindicam a justiça para o Porto não são as pessoas que vivem em condições precárias, em subúrbios miseráveis liderados por caciques autárquicos, mas os barões do Norte, espécie de senhores feudais que à custa do futebol e de electrodomésticos constróem exércitos de adeptos, que à falta de alegria material, sobrevivem do êxito dos seus clubes, bem longe dos palacetes da Foz.
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