Numa prosa deliciosa, o deputado Pinheiro Torres do PSD, num artigo de opinião publicado no jornal Público, vem hoje verberar contra o facto de ter sido exarado na recente revisão constitucional o preceito de nenhum cidadão poder ser privilegiado ou privado de qualquer direito em virtude da sua “orientação sexual”, invocando o facto de que a afixação constitucional desta norma por parte da coligação foi decidida, nas suas palavras, “em oposição com aquele que é o sentimento da realidade sociológica que costuma votar nos partidos da maioria”.
Ora, seria de elementar rigor científico, já para não dizer de bom senso, que este deputado jurista nos desse a conhecer em que abordagens sociológicas sobre o tema é que se foi apoiar para legitimar a sua asserção.
Pode ser uma lacuna minha, mas desconheço qualquer investigação sociológica credível recente acerca do posicionamento daqueles que votam nos partidos de direita que suporte a obliteração da constituição daquele preceito que agora foi incluído.
Pelos vistos, este causídico está mais bem documentado sobre o tema...As coisas que se aprendem sobre a "realidade sociológica" com juristas...