sexta-feira, maio 21, 2004

A capital do trabalho

Desculpem o futebol outra vez. Dos 14 mil e tal bilhetes atribuídos ao FC Porto para a final da Liga dos Campeões apenas pouco mais de 3 mil foram vendidos ao público. Os restantes foram distribuídos por patrocinadores, empresas e por notáveis do país e da cidade. Quando olharmos para a bancada central do Estádio alemão onde se vai disputar a final e encontrármos políticos, empresários, artistas e outras figuras mais ou menos públicas sabemos que estes personagens, ao contrário da plebe, não tiveram que ir para a frente das bilheteiras dois dias antes. O clube da região, do imaginado "povo do norte" que enche permanentemente a Av. dos Aliados contra o centralismo lisboeta, distribuí os seus bens e serviços pelos mesmos de sempre, os barões do capital regional, as redes de interesses e de tráfico de influências, a mesma «classe» de sempre, que dirige impunemente este país. É neste ponto que estabelecem os limites do populismo, da paixão clubista, da mobilização da capital do trabalho. A capital do trabalho continua muito mais próxima do capital do que do trabalho.

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