No início deste mês, na sequência das obras de requalificação da Rua Formosa, no centro de Viseu, foi descoberto um troço da muralha romana que delimitava a cidade, que, segundo os arqueólogos, remonta ao século IV.
Descrita pela responsável do Instituto Português de Arqueologia como «muito bem conservada, com grande pedras aparelhadas e muito bem sobrepostas», o aparecimento deste troço da muralha permitiu aos arqueólogos descobrir o traçado dum presumível torreão adossado à muralha e situar para já duas torres associadas, uma quadrangular e outra circular. (http://arqueoblogo.blogspot.com)
Entretanto, instado a pronunciar-se sobre o destino a dar à muralha, se ficará ou não à vista, uma vez que se trata de uma zona classificada, o IPPAR enviou dois técnicos de Coimbra até Viseu para darem o seu parecer.
Na reacção imediata para os órgãos de comunicação social os dois técnicos, não obstante a importância da descoberta, considerada o maior achado arqueológico das últimas décadas da cidade de Viseu, opinaram que a solução sugerida pelos arqueólogos para a musealização da muralha (a colocação de um vidro no chão que permitisse ver a muralha) era muito onerosa, sem contudo precisarem os custos dessa solução, e que o melhor seria enterrá-la...
Face às reacções negativas de diversos especialistas e mesmo de parte da população, que se mostrou entusiasmada com a descoberta da muralha e com a luz que ela trará ao conhecimento da História da sua cidade, o IPPAR vem agora dizer em parecer que os trabalhos de escavação devem prosseguir e que o destino a atribuir à muralha romana continua em aberto.
Ora aqui está uma decisão bem mais sensata e razoável!
Se, de facto, o testemunho encontrado se reveste de importância tão grande (considerada pelos arqueólogos como uma raridade em Portugal) para o conhecimento das origens e evolução da cidade de Viseu, ele não se compagina com decisões tomadas no imediato e sem qualquer suporte de legitimação como fizeram aqueles dois técnicos na semana passada.
Afinal de contas, os viseenses, principalmente, mas também aqueles que demandam a cidade, têm direito a conhecer o legado histórico do local onde nasceram e vivem.