Tem-se vindo a assistir, com alguma frequência, à colagem de alguns epítetos jocosos ao ministro adjunto do Primeiro Ministro. Inclusivamente, um jornal satírico chegou já a sugerir a privatização de tal ministro em prol do bem comum.
Tais críticas mordazes ao ministro Arnaut, todavia, mais não são do que atoardas injustas e aviltantes das qualidades íntelectuais do ministro.
A prová-lo está ontem o episódio atinente ao cenário de possível greve no Seviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) durante o Euro 2004.
Instado a comentar este hipotético cenário pelos jornalistas, o ministro desenvolveu uma discurso fértil que excedeu as expectativas de todos, mesmo aqueles que por vezes são mais cépticos acerca do dom da palavra com que o ministro Arnaut foi bafejado.
Para poderem comprovar o que digo, eis a recomposição da entrevista:
Jornalista:
- Sr. Ministro, que comentário lhe oferece a possibilidade da existência de uma greve por parte do SEF durante o Euro 2004?
Ministro Arnaut:
- Não acredito que nenhum português queira aproveitar-se do Euro 2004 para prejudicar a imagem do seu país.
Jornalista:
- Considera que a segurança pode estar em risco caso a greve se confirme?
Ministro Arnaut:
- Não acredito que nenhum português queira aproveitar-se do Euro 2004 para prejudicar a imagem do seu país.
Jornalista:
- No entanto, se esta intenção dos inspectores do SEF for avante, que medidas tomará o Governo?
Ministro Arnaut:
- Não acredito que nenhum português queira aproveitar-se do Euro 2004 para prejudicar a imagem do seu país.
Jornalista:
- Os ministros da Administração Interna da União Europeia já manifestaram a
sua preocupação com os efeitos da eventual greve. Quer comentar?
Ministro Arnaut:
- Não acredito que nenhum português queira aproveitar-se do Euro 2004 para prejudicar a imagem do seu país.
... e com estas considerações tão profícuas sobre a matéria, os jornalistas renderam-se às evidências e desistiram de lhe colocar mais questões.
Um verdadeiro senador da palavra!