A novela do dirigente operário continua. Podem os operários ser dirigentes de partido políticos? Certamente que podem, especialmente se o partido a que pertencem se reclamar como representante da classe operária. Não é a categoria profissional, ou o grau académico, que melhor define o bom ou mau líder. Como diria o outro, é a prática. O tempo o dirá. Centrar a discussão sobre as capacidades de liderança de Jerónimo de Sousa nas sua origem de classe e na sua formação profissional e educacional é tontaria. Por vezes, chega a mesma a ser falta de inteligência ou ainda pior. Diga-se, no entanto, que Jerónimo de Sousa não é propriamente um operário, mas um quadro partidário.
É extraordinário como são muitas vezes pessoas cuja educação de classe supor-se-ia fosse um antídoto contra a análise bárbara que enveredam pelos caminhos ínvios da observação primária. Isto vem a propósito do miserável artigo que Eduardo Prado Coelho escreveu sobre Jerónimo de Sousa. O ultra-inteligente escriba do Público tem a liberdade de criticar o novo líder do PCP, não pode é ser racista. Os milhões de livros que Eduardo leu, os milhares de artistas e escritores que conheceu e apadrinhou, os biliões de filmes que viu, e, com certeza, a esmerada educação burguesa que recebeu, não foram suficientes para acabar com o apartheid mental que lhe molda a cabeça. O ódio de classe que espumou, racismo de classe para chamarmos as coisas pelos nomes, foi tão primário que estalou todo o verniz da erudição, deixando a nu um perigoso fundamentalista, um taliban, um hooligan da pior espécie. Um racista.
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