Há alguns dias atrás acabei de ler as "Entrevistas no Centro do Mundo", do Henrique Cymerman, jornalista correspondente da SIC que há muitos anos vive em Israel. O livro dá-nos a oportunidade de conhecer os pontos de vista de figuras da esfera política mas também de cidadãos anónimos, de ambos os lados da barricada.
Constatei através da minha leitura que, felizmente, a questão religiosa não é a essencial para todos aqueles que habitam aqueles escassos quilómetros quadrados, excepção feita aos fundamentalistas que existem nos dois lados. Se é verdade que há quem leve o Corão e a Torah demasiado a sério, impedindo que a tolerância pelo próximo possa florescer, também é verdade que há muçulmanos que declaram claramente que não odeiam os israelitas por estes serem judeus, mas sim por estes estarem a ocupar os territórios que habitavam (um dos líderes das Brigadas de Al Aqsa refere inclusivé que não só não odeia os israelitas como até tem amigos em Israel por quem tem muita estima). Da mesma forma, há israelitas que compreendem perfeitamente o drama dos palestinianos.
Pais muçulmanos e pais judeus que perderam filhos em atentados e operações militares, declaram abertamente que não desejam a morte a nenhuma criança, seja de que credo for.
Por um lado é o sinal de que algo poderá efectivamente mudar, embora não saibamos quanto tempo mais teremos de esperar para que a paz se implante de vez no berço das três principais religiões que existem à face da Terra. Quanto tempo mais até haver uma Palestina e um Israel, com fronteiras bem definidas e governos soberanos a coexistirem pacificamente? Em que o Mohamed e o Abraham poderão reunir os seus amigos e, juntos, disputar uma futebolada sem receio de coisa nenhuma?