Gary Neville pôs o dedo na ferida. O defesa do Manchester United desconfia que a campanha anti-racismo que caracterizou os jogos entre selecções que ontem tiveram lugar por toda a Europa foi, mais do que outra coisa qualquer, um inteligente golpe publicitário. A Nike, à custa de uma ideia e umas quantas camisolas, conseguiu publicidade gratuita em milhares de meios de comunicação social. Dirão os mais cépticos em relação a este argumento: mas será que não é possível que uma multinacional tenha princípios humanistas independentes do lucro imediato? A verdade é que o resultado positivo nas mentes adequa-se bem ao resultado positivo no balanço da contabilidade. Lembrei-me do documentário que Mariana Otero realizou sobre a SIC. Numa reunião de direcção a que a realizadora teve acesso, Rangel idealizava a relação produtiva entre os telejornais do operador televisivo e um conjunto de notícias sobre a luta contra o cancro. O cancro vendia, argumentava Rangel