sexta-feira, abril 15, 2005
Aeroporto I
Os aeroportos estão em rápido processo de democratização. Claro que nem todos os portugueses viajam por avião, mas é evidente que muitos que não o faziam, fazem-no agora, tornando mais interclassista o espaço do aeroporto. Para isto terão contribuído decisivamente as viagens para a América do Sul e Caraíbas. Brasileiros e Caribenhos recebem os portugueses como nós recebemos no Algarve grupos de classes baixas e médias baixas provenientes da Inglaterra e da Alemanha. Para estes novos turistas portugueses, o Brasil dos resorts onde pululam palmeiras e lagostas são uma espécie de sonho de vida em saldo. Nestes espaços fabricados para turistas, protegidos do mundo perigoso dos “indígenas” e das suas vidas reais, ensaia-se uma vida de luxo que nunca se teve, gerida cuidadosamente pelas agências de viagem e pelos fabricantes do “very typical”. O bronze é capitalizado depois no regresso à pátria, durante o abusivo horário de trabalho e nas filas de trânsito.