terça-feira, abril 05, 2005

Shares

Para azar dos azares o Papa João Paulo II morreu à hora do Boavista-Sporting que iria ser transmitido em directo na TVI. A antiga televisão da igreja enfrentou o dilema e decidiu-se pelo futebol. No intervalo do jogo, quem esperasse alguma notícia sobre o Papa, para além dos infindáveis rodapés, ficou desapontado, já que tivemos 15 minutinhos de anúncios. Pois é. O share da TVI foi de 42,5%. Nada mau, para um país católico. Já ontem, a RTP, adiou um grande programa de informação sobre segunrança já que a Fátima Campos Ferreira estava no Vaticano a fazer reportagem. As reportagens que têm sido feitas do Vaticano, especialmente as que implicam entrevistas de rua, estão bastante próximas do ridículo absoluto. Toda a gente gostava do Papa, mas ninguém consegue explicar porquê, além claro, de referirem que o Papa era um homem muito bom e defendia os pobres. Claro que ninguém pergunta como é que o senhor defendia os pobres. A fé é uma crença, e se os católicos gostam de criar deuses na terra estão no seu direito. Parece claro, porém, que deviam estudar um pouco a história da Igreja e o modo como, em grande parte, a mensagem e a acção cristãs têm sido subvertidas. João Paulo II, instrumento do cardeal Ratzinger, o homem que controla realmente na Igreja, foi o Papa da contra-reforma, que pôs em causa os avanços conseguidos pelo Concílio Vaticano Segundo, que perseguiu católicos como os seguidores da Teologia da Libertação, que, em termos sociais, pugnou por um conservadorismo reaccionário, que condenava o capitalismo mas ao mesmo tempo favorecia a Opus Dei, braço económico da Igreja. Que o próximo Papa seja melhor do que o último.