O Jardim de Infância de Moselos, uma aldeia do concelho de Viseu, deu ontem início a uma feira onde estão à venda artigos feitos pelas crianças daquele estabelecimento e recolhidos junto dos encarregados de educação.
O objectivo da feira consiste em angariar fundos para a aquisição de material didáctico, como jogos e livros e, eventualmente, um computador para o estabelecimento, já que, segundo a organizadora da iniciativa, “os apoios que vêem do Ministério da Educação não dão para quase nada”.
O Ministério da Educação, a quem compete a tutela pedagógica da instituição, devia, certamente, conhecer o perfil social da maioria das crianças que frequentam aquele estabelecimento de educação e as carências por que passam grande parte das famílias daquelas 49 crianças em termos de bens culturais que possam colocar ao dispor das aprendizagens e do desenvolvimento daquelas crianças desde tenra idade, à semelhança do que acontece com aquelas que nascem em lares economicamente mais bafejados.
Seria de elementar justiça num Estado que se quer redistribuidor de riquezas e oportunidades, que crianças tão novas não tivessem que estar envolvidas tão precocemente em estratégias mercantilistas para a dotação material do estabelecimento pré-escolar que frequentam e assim poderem usufruir de actividades educativas na justa medida de igualdade com as demais.
Se o grau de desenvolvimento civilizacional de um país se deve também medir pela existência de um rede tendencialmente gratuita de estabelecimentos de educação pré-escolar, territorialmente abrangente e financeiramente bem dotada, o exemplo que o jardim de infância de Moselos corporiza por estes dias não será propriamente o melhor indicador a este respeito.
1 comentário:
É uma forma de educar as crianças para a sociedade mercantilista que vão ter que enfrentar...
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