Na senda do que alguns media escritos já tinham também feito o site do jornal Público passou a disponibilizar, a partir de hoje, os conteúdos da Edição Impressa on-line somente aos seus assinantes.
Continuo a achar muito discutível que as publicações que optam pelo condicionamento monetário da informação on-line retirem daí proveitos, actuais e futuros, significativos.
Desde logo, porque a lógica de fechar a sete chaves a informação vai completamente ao arrepio da cultura primordial da tecnologia de informação que é a Internet, ou seja, a cultura da livre distribuição e partilha da informação, como forma de democratizar o seu acesso. E porque essa continua ser a cultura dominante, a batalha pela elitização dos acessos não será facilmente vencida, principalmente quando à excepção dos artigos de opinião, todos os outros temas dos jornais são alvo de tratamento noticioso por parte de uma miríade de media e publicações on-line, nacionais e internacionais, isentos de assinaturas.
Depois, porque concentrando-se os adoptantes principais da prática da Internet nas faixas mais jovens, restringir o acesso aos conteúdos virtuais do jornal não será concerteza a melhor forma de atrair e cativar futuros leitores para o jornal.
Por outro lado, para quem não aderir à assinatura, será expectável um menor tempo de permanência no site, logo também um menor tempo de exposição a mensagens publicitárias, sendo portanto provável que ocorra um abaixamento do preço que as marcas pagam pela publicidade, dando azo ao famoso mecanismo de auto-regulação de mercado, tão prezado pelo Director do Público.
Ainda neste capítulo, os efeitos da diminuição de acessos e do menor tempo de permanência on-line não se farão sentir simplesmente na publicidade externa. Também o impacto da publicidade interna acerca da imensa panóplia de publicações apêndice que os próprios jornais de há algum tempo a esta parte tem vindo a aderir, e que segundo consta, são responsáveis por uma fatia considerável das receitas dos mesmos, será reduzido.
É por isso que para o apuramento final do saldo desta opção não bastará somar os créditos das assinaturas conseguidas. Terá que haver uma contabilidade bem mais abrangente.