terça-feira, abril 26, 2005

Fórmula 1

Porventura devido ao entusiasmo criado pela adesão recente às corridas de Karts, consegui visionar este fim de semana, mais de 10 anos depois, uma corrida de Fórmula 1, do princípio ao fim.
Desde os tempos em que Senna e Prost finalizaram os confrontos nos circuitos, que os grandes prémios foram perdendo para mim boa parte do encanto a que até então tinham estado associados.
Com a memória pessoal esticando-se ao início da década de oitenta, quando pontificavam o louco finlandês, Keke Rosberg, o falecido Gilles Villeneuve, Patrick Tambay, Nelson Piquet, Andrea de Cesaris, Michele Alboreto, Nigel Mansel, Thierry Boutsen, além dos citados Senna e Prost, ao volante de Ferraris, Mc Larens e do meu carro preferido, o Lotus, patrocinado pela John Players Special, em todas as quinzenas aquelas duas horas de Grande Prémio em frente do televisor eram praticamente sagradas.
Eram tempos em que as garantias de segurança que os carros ofereciam primavam por uma certa precaridade, fazendo os pilotos do risco e da audácia constantes consortes traiçoeiros da integridade física.
Mudaram os tempos, apareceram novos pilotos, novos circuitos, novas regras de segurança, e o entusiasmo refreou-se. Os laços afectivos com os ídolos de sempre extinguiram-se com o seu desaparecimento, os palcos de aceleração situavam-se nos mais insuspeitos e indiferentes locais (Malásia, Bahrein, Turquia), enquanto que outros eram apagados do mapa (Estoril), novas regras de segurança diluíram a margem de erro dos pilotos, e, sobretudo, surgiu Schumacher.
Tornado por mérito próprio a maior figura da disciplina automobilística, cerceou toda a concorrência durante anos a fio e provocou com a sua indesmentível superioridade o bocejo permanente sobre a incerteza quanto ao vencedor.
Até que este ano, ao que parece, a F1 volta novamente às grandes emoções, graças a um piloto espanhol, Alonso, que neste G.P de San Marino susteve o primeiro lugar acossado ininterruptamente pela maior lenda vida da F1, Schumacher, durante as últimas 15 voltas. Sem vacilar, sem se desconcentrar um centésimo, ganhou a corrida e fez com que os comentadores televisivos dissessem que há muito que não se via uma corrida assim.
Depois de tantos anos de afastamento, acho que escolhi o dia certo para ver novamente um Grande Prémio.