Foi publicada na semana passada a notícia de que dentre todos os bancos (todos eles incumpridores habituées e reincidentes, em maior ou menor grau, da legislação relativa ao pagamento de horas extraordinárias aos seus funcionários), o Banco Totta tinha sido aquele onde os inspectores tinham encontrado o maior número de violações à Lei.
Só nesse banco o número de horas extraordinárias prestadas pelos trabalhadores à entidade patronal e que não lhes foram pagas totalizavam cerca de 2.000.000 milhões de Euros. O sindicato bancário, em forma de protesto, visando consciencializar os trabalhadores para este incumprimento patronal, deslocou-se a várias agências deste Banco e de outros, denunciando a existência de trabalho escravo promovido por entidades que correntemente compram espaço publicitário em diversos jornais para publicitarem aos seus accionistas e ao público em geral os seus faustosos lucros, incluindo-se neste caso o Banco Totta.
Após reunião de emergência o Conselho de Administração, a coordenadora de Recursos Humanos do Banco Totta, sem nunca desmentir a veracidade das violações laborais cometidas, comunicou aos trabalhadores e à imprensa que as informações veiculadas pela comunicação social estavam a pôr em causa a boa imagem do Banco que tanto tempo demorou a construir...
Em vez de ecoar lamúrias sobre a desgraça da imagem do Banco junto do público que as notícias estavam a provocar, melhor seria que a coordenadora e os responsáveis do Banco interiorizassem que não basta o marketing para se edificar uma boa imagem de um Banco junto dos cidadãos, mas sim que cumprissem a legislação laboral em questão, evitando que a tal boa imagem não deixe de assentar em voláteis castelos de cartas.
Isto porque a tal boa imagem requer que as entidades patronais, públicas ou privadas, possuam uma ética que postule o respeito pelos direitos dos trabalhadores e não atropelem estes descaradamente. Concerteza que se uma parte do dinheiro gasto em publicidade para a promoção da imagem do Banco ou uma escassa parcela dos gordos lucros anunciados tivesse sido canalizada para remunerar os trabalhadores do seu exercício de actividade, esta situação não se punha com a acuidade que surge frequentemente à estampa, e a coordenadora não estaria agora tão preocupada com os efeitos nocivos que estas notícias causam para a boa imagem do Banco.
P.S- Destronado pelo Banco Totta, o crónico vencedor do desrespeito pela remuneração das horas extraordinárias dos seus funcionários, o BCP foi relegado para o segundo lugar da lista.
Apesar desta sensível melhoria, ainda assim seria justo que nos novos anúncios publicitários deste Banco, para além dos "mil sorrisos", "mil vontades", etc, fossem aduzidas frases como "mil horas extraordinárias por pagar", "mil calotes aplicados aos funcionários", "mil violações da Lei", and so on ...