Terminou há poucas horas o triste jogo de futebol entre a Espanha e a Inglaterra. O encontro foi irremediavelmente marcado pelos cânticos racistas de parte, aparentemente significativa, dos adeptos espanhóis que se encontravam no estádio. A atitude é intolerável e mostra como às vezes basta uma pequena alteração nas circunstâncias que rodeiam um jogo para os valores da ignorância, da falta de inteligência e da cobardia virem ao de cima. É um racismo explícito, brutal, próprio de pessoas com um evidente défice mental. Não sei que parcela de adeptos se comportou assim, mas é bom lembrar que estávamos no Bernabéu, lugar do Real Madrid e dos Ultra Sur, a sua claque fascista. De lembrar ainda que o encanto futebolístico do Real não altera o facto de o clube ter estado próximo da Espanha franquista, e de os seus adeptos representarem, em termos genéricos, uma população espanhola mais conservadora e reaccionária. A “atenuante” vale de pouco e o comportamento violento demonstrado pelos jogadores ingleses desde o princípio do encontro também não desculpa nada. A questão racial que rodeou este jogo foi, no entanto, levantada anteriormente. Luís Aragonés, treinador espanhol, terá dito a um seu jogador, que alinha no Arsenal de Londres, que devia lutar para tirar o lugar a um seu companheiro de equipa, o francês Henry, apelidando este último de “shit negro”. A conversa foi captada por um microfone e, com razão, a questão racial foi levantada. Aragonés, que terá o seu défice mental, veio retratar-se publicamente, pedindo desculpa e afirmando que os media ingleses retiraram a expressão do contexto. No contexto ou fora do contexto, as palavras falam por si. Os media ingleses não ficaram convencidos e consideraram que Aragonés devia ter sido despedido. É a partir deste momento que os defensores da moral e dos bons costumes se transformam nos fascistas do politicamente correcto.
Sem comentários:
Enviar um comentário