quinta-feira, novembro 18, 2004

Os racistas e os fascistas do politicamente correcto II

O forte nacionalismo inglês, a sua moralista ética protestante, o seu sentido de superioridade sobre todos os povos do mundo, que não é reconhecido pela forma estúpida e primária demonstrada por alguns adeptos espanhóis, mas por uma pose doutoral e distante que alguns súbditos de sua majestade gostam de ensaiar, seria mais suportável se os seus acólitos não cometessem o grave erro de omitir a sua própria realidade. No Guardian, jornal liberal de “esquerda”, um distinto jornalista relatou mais ou menos nestes termos a questão racial em Espanha. Primeiro, explicitou a diferença entre a forma como a Espanha (mediterrânica, atrasada, etc) trata a questão da raça, quando comparada com a Inglaterra (o espaço da civilização). Depois, usou uma retórica perigosa, que, no fundo, não é mais do que o princípio de todos os racismos. Esta retórica, que infelizmente não é a primeira vez que ouço por aqui, consiste em tomar a parte pelo todo. Neste caso preciso, esta estratégia uniu-se a uma outra não menos perigosa: o abuso da adjectivação proporcionada por determinados substantivos colectivos. Deste modo, os Espanhóis, essa raça de 40 milhões de pessoas, foram colectivamente apelidados de xenófobos, através da exposição de quatro ou cinco exemplos de racismo nos campos e nos clubes de futebol do seu pais. Para reforçar a sua ideia, o jornalista disse ainda que na sociedade espanhola os cidadãos de origem africana ocupam os lugares profissionais mais baixos e são constantemente maltratados. Ora, nada disto se passa em Inglaterra.

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