Parece evidente que existe um problema de racismo em Espanha. Isto é diferente, no entanto, de afirmar que todos os espanhóis são racistas. Mas o que é mais irritante nesta prosa jornalística é a pose educadora da raça escolhida. Na Inglaterra, os africanos ocupam os lugares mais baixos da hierarquia profissional. Na Inglaterra, os africanos continuam a ser discriminados nas escolas. Na Inglaterra, vários tablóides sugerem diariamente que os africanos inventaram o crime. Na Inglaterra, todos os partidos do espectro políticos falam dos emigrantes de uma forma que faz do nosso Paulo Portas um menino do coro. Na Inglaterra, os partidos da extrema-direita nacionalista e racista sobem exponencialmente a sua votação. Já agora, a Inglaterra não deve ser confundida com a multicultural e cosmopolita Londres onde, apesar do liberalismo nos costumes, os negros dos bairros periféricos do sul rumam todos os dias a norte para limpar, construir e guardar, os bairros brancos e burgueses do norte. Os jogadores negros foram enxovalhados neste país durante décadas a fio, aliás, o futebol em Inglaterra foi durante muitos anos um desporto onde os negros não entravam. E só não são enxovalhados agora, porque o jogo se tornou um espectáculo caro para a classe média politicamente correcta, aquela que em público é incapaz de ser racista mas que, se fosse possível, gostava que os seus filhos tivessem um saudável casamento branco. É esta sociedade, a mesma cujo governo, com sucesso discutível, procura com armas civilizar o Médio Oriente, que se toma pela zeladora do mundo, numa atitude paternalista insuportável. Assim de repente, chamava-lhe neo-colonialismo. O que sucedeu no Bernabéu só vai levantar tanta celeuma porque era a equipa nacional que jogava. Infelizmente, a base da questão é nacionalista.
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