Conhecerá Fátima Campos Ferreira os limites do papel de um moderador. Não perceberá que se o moderador toma descaradamente um partido em certa discussão, parte importante do públicos toma a sua opinião como se a de um juíz se tratasse. Não haverá ninguém na RTP que lhe explique isso, que lhe diga que certas funções não são compatíveis com a ignorância. Não a acho mal intencionada, apenas ignorante. Um exemplo: quando um dos convidados do programa de ontem, o Sheik Munir, bastante civilizadamente afirmou que se deveria, sim senhor, discutir a situação da mulher nos países muçulmanos, Fátima virou-se para a plateia, colocou um daqueles sorrisos auto-confiantes, e disse: sim, sim mas sabe, nenhumas das mulheres desta plateia gostariam de viver num país muçulmano. Porventura isso é verdade. Mas ninguém foi capaz de dizer à Fátima que se tomassemos os resultados dos estudos sobre violência doméstica em Portugal, uma em cada três mulheres daquela plateia já tinha sido alvo de maus tratos, ou para ser mais gráfico, de murros, de pontapés, de violações dentro do casamento. É um assunto que não mereceu ainda um programa. Andará Fátima a dormir? Será que Fátima ainda não percebeu que sua religião, a quem, em outros programas, já prestou fretes que punham em fúria qualquer secularista moderado, não concede os mesmos direitos às mulheres que concede aos homens. Fátima, acorda.