Os jornais britânicos andam muito preocupados com o facto dos estudantes ingleses de origem africana continuarem a apresentar piores resultados escolares que os alunos dos outros grupos étnicos. Incapazes de afirmar que se trata de uma qualquer tendência natural ou genética, seria politicamente incorrecto, tentam encontrar uma causa que explique o fenómeno. Com base em alguns relatórios elaborados por especialistas chegaram à conclusão que o problema são os professores brancos. O ensino é dominado por professores brancos descrentes das capacidades dos alunos de origem africana. Para estes últimos, tratados diferenciadamente, a vida torna-se um inferno. Vamos admitir que, em certa medida, a discriminação efectuada pelos professores brancos é responsável pelo insucesso dos alunos negros. Mas vamos imaginar que, por artes mágicas, eliminávamos o factor discriminatório, e que, mesmo assim, os alunos de origem africana continuavam a ser os piores. Perante tal cenário, como é que os políticos e os jornais iriam explicar o fenómeno?
A insistência de tratar as perfomances escolares com base na questão da raça é algo bastante perigoso. Bem sei que a palavra classe está fora de moda mas não vejo outra forma de lidar com o assunto. As teorias da sociologia da educação sobre a função de reprodução social inerente ao sistema educativo já há muito saíram do gueto académico. Sabemos, numa apreciação muito genérica, que a linguagem da escola favorece as classes médias. O que se passa, pelo mesmo na área de Londres, é que as classes baixas estão fortemente etnicizadas. Para os indivíduos de origem africana o handicap da origem de classe junta-se a outros problemas relacionados com a etnia, nomeadamente as línguas faladas em casa pelas famílias, quase sempre formas autóctones, jamaicanas, nigerianas, ganesas, etc, do inglês. Noutro sentido, as famílias de origem africana, e os seus filhos, rapidamente percebem que o seu futuro não vai em grande medida depender das qualificações escolares. Eles vão ocupar os lugar mais baixos da estrutura profissional e cada ano perdido na escola é menos dinheiro a entrar em casa.
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