A questão parece estranha, mas confesso que não conheço a resposta. O problema nem passa pelo argumento de que Bush e Kerry são iguais e que republicanos e democratas representam, cada qual à sua maneira, a América dos interesses. Se esta última afirmação é no geral verdadeira é justo afirmar que Bush e Kerry não são totalmente iguais. Bush é uma versão mais rude, violenta e perigosa de Reagan. Bush é a prova que a democracia pode transformar-se numa completa aberração, uma retórica dirigida a autênticos mentecaptos, um simplificação absoluta das ideias, uma prática maniqueista primária, manipulatória e, como se pode observar, criminosa e assassina. Neste sentido, Bush é pior, talvez não muito pior, mas efectivamente pior. Para o povo americano é melhor que Kerry ganhe. Com Kerry, não que dele se esperem maravilhas, os direitos sociais vão aguentar-se e a economia talvez cresça, à semelhança do que sucedeu com Clinton.
Mas noutro sentido, talvez seja melhor que Bush ganhe. A consciencialização política de largas camadas da população do mundo, especialmente aquelas que mais afastadas estão da vida cívica e política, deve muito ao presidente Bush. Os seus modos básicos chegam tão rapidamente aos seus apoiantes como às pessoas que acham a política algo esotérico e distante, coisa de especialistas. Quantas pessoas passaram a ter opinião política desde que Bush apareceu? Quantas pessoas se juntaram a manifestações porque o alvo era George W. Bush e a política imperialista americana. Os movimentos sociais na Europa e no Mundo ganharam muito com Bush, apesar de, por vezes, de forma errada, se confundir a política americana com o povo americano. Queremos mesmo que Bush se vá embora?
1 comentário:
Devo confessar que George Bush diverte-me bastante com as baboseiras que diz.
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