É a terceira igreja mais representativa da cidade de Viseu. Herdeira da tradição secular das igrejas aldeãs, também ela é branca, está orientada na direcção leste-oeste de forma a permitir aos fiéis ficarem voltados para o sol-nascente, e o seu acesso faz-se por intermédio de alguns degraus de pedra, os quais separam o templo do solo profano.
Se, como as igrejas dos camponeses, a Igreja do Carmo partilha com estas, pela sua imponência e grandiosidade, a função simbólica de domínio sobre o espaço envolvente, no entanto, actualmente distingue-se da simbologia tradicional das igrejas aldeãs por um infeliz e notório aspecto: o seu estado de conservação, ou melhor a absoluta ausência dele.
Sempre foi regra nas igrejas aldeãs que a sua conservação e reparação fossem um dever de todos os habitantes da aldeia. Para isso a norma era criarem-se comissões que arrecadavam de forma autorizada fundos monetários visando a manutenção da integridade das igrejas.
No caso específico da Igreja do Carmo, desconheço a quem compete zelar por esta obrigação, se à igreja católica, aos fiéis da freguesia, ou ambos.
O que salta à vista desde há bastante tempo é o ostracismo a que esta Igreja tem sido votada. Tinta a desprender-se em massa das paredes, deixando clareiras enorme de cimento e pedra à vista, vidros partidos, madeira carcomida, um sino completamente enferrujado, arcadas de pedra asfixiadas pelo negrume da poluição e inundadas de fungos, enfim, uma desgraça total!
Perante isto, a Igreja Católica não tem vergonha em deixar um tão nobre edifício naquele paupérrimo estado de conservação? E os fiéis da freguesia e da cidade não se inquietam pela desagregação evidente da sua Igreja e do seu património?
Eu, que não sou católico nem professo qualquer fé religiosa, dei-me conta por mais de uma vez nos últimos dias a cirandar perto do templo nos últimos para ver para crer como é possível deixar chegar aquele edifício a tão deplorável aspecto, tal o espanto...
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