Retrato fílmico da incursão de Ernesto Guevara e do seu amigo Alberto Granado pelos confins da América Latina, ao comandos de uma “Poderosa” Hudson 500, em 1952, é também o espelho que reflecte o germinar de uma consciência crítica em Ernesto perante a miséria humana e as flagrantes injustiças presenciadas durante a aventura, fossem elas a expulsão dos camponeses das terras de onde retiravam o seu sustento, a repressão exercida sobre os mineiros ou o apartheid imposto aos doentes leprosos.
Frequentemente envoltos em episódios bastante caricatos, os dois inseparáveis amigos vão descobrindo empiricamente ao longo viagem a realidade social, económica e política do seu continente, até então desconhecida da maioria das pessoas que partilhavam a sua (favorável) condição social.
Esta descoberta provoca em Ernesto uma nostalgia de um mundo que nunca conheceu, aferrando-lhe galhardamente até ao final da viagem um conjunto de ideais outrora adormecidos e que o irão impelir na tentativa de mudar o status quo, porque doravante também o seu Eu passaria a ser um outro Eu, aquele que o iria transformar em ícone e deixar para a posteridade.
1 comentário:
Por falar em assassinos, curiosamente, nem uma menção à CIA...
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