sábado, outubro 16, 2004

Poesia Brasileira

A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai pela frente do corpo.
A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda –
esses garotos ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas em rotundo meneio.
Anda por si na cadência mimosa, no milagre de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte por conta própria.
E ama.
Na cama agita-se.

Montanhas avolumam-se, descem.
Ondas batendo numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda.
Vai feliz na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda, rebunda.

Carlos Drummond de Andrade


1 comentário:

nuno disse...

Muito bem. Sim senhor. A bunda é a bunda, rebunda.