A melhor prova de que não está a haver aproveitamento político foi dada por Santana Lapes, ontem à noite, em declarações à Radio Renascença:
"Estive há meia hora a falar sobre ela", foi "a última conversa que tive antes de vir para aqui", disse Santana Lopes à saída de um comício em Guimarães.
Depois de Portas aparecer em público com os olhos lacrimejantes, Santana remata desta maneira sublime só ao alcance de uns poucos predestinados...
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
sexta-feira, fevereiro 11, 2005
Assim se vê a força do PP
Tem sido quase unanimemente reconhecido que esta campanha eleitoral tem proporcionado como nunca antes momentos inolvidáveis de galhofa. O ritmo das estultices, sejam em cartazes, em frases proferidas nos comícios, nas aparições televisivas dos candidatos, nas poses de estado forçadas, etc, etc., é tão elevado que somos virtualmente ultrapassados por elas.
Por isso vou agora apenas aqui falar do mais recente momento de assombro a que fui acometido nesta campanha e que tem como seu autor, sem espanto, um putativo candidato a ministro de um elenco governativo chefiado pelo PP, Pires de Lima de seu nome.
Primeiro, certamente inspirado no apelo à sublevação popular das gentes de Coimbra e ao fecho dos portões da cidade defendido por um seu colega de partido na passada semana, considerou que o PP é o partido revolucionário do século XXI! Bem que me tinha parecido que o tinha visto a ele e ao seu presidente de partido na semana passada no Porto a cantar alegremente o clássico slogan do PCP, adaptado agora por estes novos revolucionários, para “Assim se vê a força do PP”.
Logo de seguida, veio opinar que a causa dos salários baixos dos trabalhadores portugueses deve ser imputada às forças de esquerda do PREC. Só para confirmar esta asserção (a minha memória podia já não ser o que era...) fui ao site da CNE para verificar a vigência governativa destas obscurantistas forças ao longo da história da democracia portuguesa.
Segundo o CNE, que pode estar a desvirtuar a verdade, a maior parcela de tempo da democracia portuguesa passou-se sob a vigência governativa de partidos de direita, incluindo o CDS/PP do doutor Pires de Lima, que formou a AD no governo entre 79 e 83 e depois entre 2002 e 2004, quando esteve coligado com o PSD.
Mas concerteza, a julgar pelo vice do PP, que tais partidos não devem ter responsabilidade nenhuma no panorama reinante, no que diz respeito aos baixos salários dos trabalhadores portugueses, pois a culpa aqui morre solteira com as forças do PREC...
Por isso vou agora apenas aqui falar do mais recente momento de assombro a que fui acometido nesta campanha e que tem como seu autor, sem espanto, um putativo candidato a ministro de um elenco governativo chefiado pelo PP, Pires de Lima de seu nome.
Primeiro, certamente inspirado no apelo à sublevação popular das gentes de Coimbra e ao fecho dos portões da cidade defendido por um seu colega de partido na passada semana, considerou que o PP é o partido revolucionário do século XXI! Bem que me tinha parecido que o tinha visto a ele e ao seu presidente de partido na semana passada no Porto a cantar alegremente o clássico slogan do PCP, adaptado agora por estes novos revolucionários, para “Assim se vê a força do PP”.
Logo de seguida, veio opinar que a causa dos salários baixos dos trabalhadores portugueses deve ser imputada às forças de esquerda do PREC. Só para confirmar esta asserção (a minha memória podia já não ser o que era...) fui ao site da CNE para verificar a vigência governativa destas obscurantistas forças ao longo da história da democracia portuguesa.
Segundo o CNE, que pode estar a desvirtuar a verdade, a maior parcela de tempo da democracia portuguesa passou-se sob a vigência governativa de partidos de direita, incluindo o CDS/PP do doutor Pires de Lima, que formou a AD no governo entre 79 e 83 e depois entre 2002 e 2004, quando esteve coligado com o PSD.
Mas concerteza, a julgar pelo vice do PP, que tais partidos não devem ter responsabilidade nenhuma no panorama reinante, no que diz respeito aos baixos salários dos trabalhadores portugueses, pois a culpa aqui morre solteira com as forças do PREC...
quinta-feira, fevereiro 10, 2005
Just do it
Gary Neville pôs o dedo na ferida. O defesa do Manchester United desconfia que a campanha anti-racismo que caracterizou os jogos entre selecções que ontem tiveram lugar por toda a Europa foi, mais do que outra coisa qualquer, um inteligente golpe publicitário. A Nike, à custa de uma ideia e umas quantas camisolas, conseguiu publicidade gratuita em milhares de meios de comunicação social. Dirão os mais cépticos em relação a este argumento: mas será que não é possível que uma multinacional tenha princípios humanistas independentes do lucro imediato? A verdade é que o resultado positivo nas mentes adequa-se bem ao resultado positivo no balanço da contabilidade. Lembrei-me do documentário que Mariana Otero realizou sobre a SIC. Numa reunião de direcção a que a realizadora teve acesso, Rangel idealizava a relação produtiva entre os telejornais do operador televisivo e um conjunto de notícias sobre a luta contra o cancro. O cancro vendia, argumentava Rangel
Os clientes
Os distraídos que continuam a acreditar que o ensino universitário é um mundo definido pela transmissão desinteressada dos saberes deveriam passar os olhos por um artigo que o Guardian publicou nesta última segunda-feira (que encontrarão com facilidade na edição on-line do diário inglês). As universidades inglesas recebem por ano 300 mil estudantes estrangeiros, parte considerável oriunda de países de fora da União Europeia. O contingente estrangeiro permeia a economia inglesa com 5 biliões de libras por ano. Como devem imaginar este tipo de «emigrantes» é bem-vindo por cá. Afortunados árabes, japoneses, malaios, tailandeses, coreanos, africanos e, acima de tudo, chineses, enviam os filhos para «o centro do mundo» e pagam três a quatro vezes mais propinas que alunos ingleses e de outros países da União Europeia. Os reitores das faculdades preparam-se para reduzir as vagas destinadas aos alunos locais em detrimento dos rebentos das referidas fortunas internacionais. Argumentam eles que o ambiente multicultural e cosmopolita é muito positivo e que todos têm aprendido imenso com a experiência. Claro que aos ingleses, além da experiência e das loas ao multiculturalismo, também agradam as propinas, o alojamento, e todo o dinheiro que, indirectamente, é investido na economia: transportes, comunicações, alimentação, industrias culturais, etc. Diga-se que os ingleses têm apenas 23% do comércio da educação na sua língua. Os americanos dominam 58% do mercado. Se é certo que as universidades, nomeadamente as mais prestigiadas, são espaços multiculturais, não é menos real que são lugares extremamente homogéneos em relação à origem social dos alunos, mundos de classe média e média alta, para não falar de algumas fortunas inacreditáveis. Perante este contexto de comercialização do ensino, os critérios de selecção dos alunos são muito frágeis e o mérito é cada vez mais o do extracto bancário. A universidade é uma indústria e os alunos, os que podem claro, os seus clientes.
sexta-feira, fevereiro 04, 2005
O Código Da Vinci à lupa
Durante duas horas de documentário, o já aqui aclamado Tony Robinson, procedeu, para desgosto de livrarias e editores, a uma análise precisa do maior best-seller dos nossos tempos: o Código da Vinci, escrito por Dan Brown. O método foi simples: Robinson isolou os mais importantes argumentos do livro e resolveu testar a sua verosimilhança. O resultado foi um divertido desfilar de bengaladas que, peça por peça, foi derrubando a trama de Brown até nada restar de pé. Como Robinson acabou por aconselhar, quem desejar uma abordagem surreal à lenda do cálice sagrado fica melhor servido com o exercício cinematográfico dos Monty Phyton sobre o tema. O documentário começou com uma afirmação do próprio Dan Brown – que parece um daqueles senhores que vendem máquinas para os abdominais no teleshop às três da manhã – asseverando que o seu livro se baseava em evidências históricas. Pois bem, desde o facto de provar não existirem registos da existência de um qualquer enigma original envolvendo o cálice, problema que só terá nascido numa ficção no século XI, tornando-se tema literário, até à desmontagem de fantasias sobre a acção de grupos e seitas religiosas, um deles, o Priorado do Sião, que foi inventado nos anos sessenta por alguém que também queria vender livros, passando pela exclamação quanto às explicações imaginativas de quadros do Da Vinci, o documentário é claro quanto ao excesso de interpretação do livro de Brown. Sobra a dúvida, embora sustentada por outras fontes, do possível papel de Maria Madalena na história da cristandade e da possível omissão de textos sagrados pela hierarquia da igreja católica. Não li o livro de Brown nem pretendo avaliar o seu talento. Acho, porém, que tratando-se de uma ficção, a obra não está sujeita a qualquer tipo de constrangimento, podendo o autor dizer o que bem quiser e entender. O problema reside no facto de a obra estar a ser vendida e consumida como uma verdade histórica minimamente sustentada. Neste aspecto, Brown é um vendedor de banha da cobra que se limitou a romancear um livro do princípio dos anos oitenta (Holy grail, Holy blood) onde a tese foi arquitectada por dois aldrabões que também podiam estar vender máquinas para os abdominais. O autor utilizou a história – que lembre-se é uma ciência empírica que exige fiabilidade nas provas e nas fontes - como Paulo Coelho cozinha a sua psicologia barata com o esoterismo e o misticismo, sustentando assim uma indústria. Ficção por ficção, prefiro a Bíblia.
quinta-feira, fevereiro 03, 2005
Liga dos Últimos
Já aqui me referi, há algum tempo, a um dos exemplos de excelência e vanguarda televisiva transmitido pela RTPN, de seu nome “Na Roça com os Tachos”. No entanto, seria injusto deixar passar em claro e não fazer qualquer referência a outros dos expoentes da pantalha televisiva, também ele emitido pela mesma estação, o programa desportivo “Liga dos Últimos”.
Dedicado ao futebol amador, o programa focaliza a sua atenção nos últimos classificados dos campeonatos das divisões mais distantes da Superliga, ou seja, no Baguim do Monte, no Montezelos, no Lamas, no Arguedeira, no Nespereira, no Minhocas, entre muitas outras nobres agremiações desportivas.
Ontem, um dos destaques foi para o derby gondomarense, Montezelo vs Baguim do Monte, respectivamente penúltimo e último classificados da campeonato da 3ª divisão distrital do Porto.
Disputado num pelado marciano, debaixo de uma forte ventania, na reportagem efectuada a este derby tivemos oportunidade de deslindar o complexo processo de tomada de decisões ao nível da equipa técnica, através de momentos únicos, como aquele em que o Técnico Adjunto do Montezelos ordenava ao jogador Nuno para avançar rapidamente no terreno e o Técnico Principal ao lado pedia ao Nuno para ter calma...
Também ao nível directivo ali apercebemo-nos que a comunicação de uma Direcção com os associados ocorre muitas vezes com ruído. Assim se explica a divergência dos adeptos do Montezelos acerca da profundidade do furo hertziano mandado construir pela Direcção para aplacar as nuvens de pó que assolam o pelado terreno de jogo, sempre que o vento se levanta para aqueles lados. 22 metros dizia um adepto, 58 metros asseverava outro, 98 corrigia o terceiro. Por fim, o Presidente lá informou que o furo chegava aos 108 metros, tinha custado 500 contos, mas ainda precisavam de uma bomba de água para elevá-la até à superfície.
No que diz respeito ao processo de explanação táctica, em nenhum lado como ali é possível ver tão claramente um treinador a gritar para os pupilos ao intervalo, na cabine, que o empate, ainda por cima com aquela equipa do Montezelos era uma vergonha para todos, carago, incluindo para ele próprio. Ironia das ironias, o Montezelos, na segunda parte, mesmo reduzido a 9 briosos jogadores conseguiu aguentar o empate a uma bola!
Se a essência do futebol mora em algum lado, é ali naqueles pelados marcianos como o do Montezelos. É mantida por jogadores e dirigentes que se movem apenas e exclusivamente por amor ao jogo e aos clubes, e que não se dobram nem quebram perante as adversidades. Como dizia o Presidente do Lamas de Macedo de Cavaleiros: “Aqui a gente nunca desiste, até já vamos em penúltimo!”
Dedicado ao futebol amador, o programa focaliza a sua atenção nos últimos classificados dos campeonatos das divisões mais distantes da Superliga, ou seja, no Baguim do Monte, no Montezelos, no Lamas, no Arguedeira, no Nespereira, no Minhocas, entre muitas outras nobres agremiações desportivas.
Ontem, um dos destaques foi para o derby gondomarense, Montezelo vs Baguim do Monte, respectivamente penúltimo e último classificados da campeonato da 3ª divisão distrital do Porto.
Disputado num pelado marciano, debaixo de uma forte ventania, na reportagem efectuada a este derby tivemos oportunidade de deslindar o complexo processo de tomada de decisões ao nível da equipa técnica, através de momentos únicos, como aquele em que o Técnico Adjunto do Montezelos ordenava ao jogador Nuno para avançar rapidamente no terreno e o Técnico Principal ao lado pedia ao Nuno para ter calma...
Também ao nível directivo ali apercebemo-nos que a comunicação de uma Direcção com os associados ocorre muitas vezes com ruído. Assim se explica a divergência dos adeptos do Montezelos acerca da profundidade do furo hertziano mandado construir pela Direcção para aplacar as nuvens de pó que assolam o pelado terreno de jogo, sempre que o vento se levanta para aqueles lados. 22 metros dizia um adepto, 58 metros asseverava outro, 98 corrigia o terceiro. Por fim, o Presidente lá informou que o furo chegava aos 108 metros, tinha custado 500 contos, mas ainda precisavam de uma bomba de água para elevá-la até à superfície.
No que diz respeito ao processo de explanação táctica, em nenhum lado como ali é possível ver tão claramente um treinador a gritar para os pupilos ao intervalo, na cabine, que o empate, ainda por cima com aquela equipa do Montezelos era uma vergonha para todos, carago, incluindo para ele próprio. Ironia das ironias, o Montezelos, na segunda parte, mesmo reduzido a 9 briosos jogadores conseguiu aguentar o empate a uma bola!
Se a essência do futebol mora em algum lado, é ali naqueles pelados marcianos como o do Montezelos. É mantida por jogadores e dirigentes que se movem apenas e exclusivamente por amor ao jogo e aos clubes, e que não se dobram nem quebram perante as adversidades. Como dizia o Presidente do Lamas de Macedo de Cavaleiros: “Aqui a gente nunca desiste, até já vamos em penúltimo!”
segunda-feira, janeiro 31, 2005
Portugal, 2005
Como é possível, trinta anos depois do 25 de Abril, que uma campanha eleitoral visando a eleição de um parlamento e de um governo esteja centrada na vida privada dos candidatos? Já há muito que grande parte da esquerda, quando quer açoitar Santana, prefere as questões do estilo às de conteúdo. Agora, assistimos a uma campanha inqualificável da direcção do PSD em relação ao cabeça de lista do PS e à sua pretensa homossexualidade. O populismo na sua forma racista. Alguns dirão que é o desespero. No entanto, continuo a pensar que o cuidado é sempre pouco com esta espécie de populistas, especialmente quando dominam com mestria o mundo da linguagem mediática e pouco se importam de mergulhar na sarjeta para chegar aos seus objectivos.
quinta-feira, janeiro 27, 2005
Emigração outra vez
Por cá, o Partido Conservador, a tentar desesperadamente recuperar os votos que perdeu para a extrema-direita, lá avançou com mais uma proposta de lei para combater a emigração, seja esta causada por motivos económicos ou por motivos políticos. O noticiário da BBC2 resolveu debater a questão. O senhor do partido conservador lá disse que a lei era viável, mesmo que quebrasse convenções internacionais sobre refugiados e leis europeias; disse mesmo que se estava nas tintas para a Europa. Bravo. Uma senhora que defendia os interesses dos refugiados não foi brilhante, já que se preocupou apenas com os refugiados políticos deixando o problema dos refugiados económicos ao critério dos governos. Mas foi uma terceira figura que mais chamou a atenção. Este último cavalheiro, que não consigo perceber por que raio foi convidado para o debate, ficou conhecido por ter ganho um concurso num outro canal televisivo. O concurso, intitulado “vote for me”, consistia, se bem percebi, num género de disputa política fictícia entre vários concorrentes, cabendo aos telespectadores ingleses a decisão quanto ao vencedor. Pois bem, este senhor, que ganhou o tal concurso de popularidade, afirmou que o país “estava fechado para o negócio”, “close for business”, isto é, que ninguém, mas ninguém, deveria poder entrar na Inglaterra. Mas disse mais, perante as provocações do jornalista, o excelente Jeremy Paxman, disse que mesmo numa situação idêntica à resultante dos campos de extermínio nazi, a Inglaterra não deveria receber um único refugiado. Disse-o com convicção e sem qualquer vergonha. Perante a constatação de que são precisos estrangeiros para realizar certos trabalhos em Inglaterra, o senhor afirmou que deveriam ficar até que ingleses fossem especialmente formados para esses trabalhos, mas depois teriam que sair. Perante o nível do debate, o governo trabalhista o mais que consegue dizer, pela boca de Blair, é que o plano dos tories é pouco prático e burocrático. Diga-se que enquanto os conservadores querem impor um quota de 15 000 refugiados por ano na Inglaterra, há países africanos e asiáticos, pouco mais que miseráveis, que recebem milhões de refugiados provenientes de países ainda mais miseráveis do que eles. Assim vai o mundo.
O golo para acabar com o jogo
Estou em crer que quando um jogador marca um golo como o que Paíto marcou ontem no derby da Luz o jogo devia acabar de seguida. O mesmo deveria ter sucedido quando Rui Costa colocou Portugal a vencer a Inglaterra no último Europeu. Acabava. Não havia muito mais a dizer. Ontem na Luz confirmou-se mais uma vez que o futebol é um jogo injusto. E às vezes, como ontem, ainda bem que é assim. Os golos do Benfica surgiram quase todos de lances fortuitos, não há uma ideia, uma jogada combinada, uma estrutura de jogo, nada. Defender, e mal, e pontapé para a frente, são os dois mandamentos de Trapattoni. Salvou-se a narrativa emocional do jogo e o seu final exemplar. Menos mau.
terça-feira, janeiro 25, 2005
FCP
A invasão russa do futebol português parece ser uma realidade incontornável nos dias de hoje. Depois do Dínamo de Moscovo, é agora a vez do Spartak de Boxe de Moscovo e do Locomotiv de Boxe de S. Petersburgo que avançam sem medo para novas contratações, em Portugal.
Extasiados perante as últimas exibições de Benni Mcarthy e Luís Fabiano ao serviço do FC Porto, os responsáveis dos dois clubes russos já estabeleceram os primeiros contactos com os responsáveis da SAD Azul e Branca, no sentido de poderem contratar os dois atletas ainda antes do fecho deste período de inscrições. A intenção dos dirigentes russos é poder contar ainda com os seus valorosos préstimos na segunda fase do campeonato russo de boxe, actualmente muito disputado entre estas duas agremiações.
Entretanto, noutro âmbito, o FC Porto emitiu esta tarde o comunicado tipo em defesa daqueles que, habitualmente, por valorosos actos, pugnam pelas vitórias portistas. Depois de ainda na semana passada o ter feito em prol de Nuno Cardoso, agora é a vez de o fazer em defesa do brio profissional de Luís Tavares, o bandeirinha que não viu a bola a ultrapassar a linha de golo no Estádio de Luz, e que neste fim de semana, coerentemente, também não viu o festival de socos e cotovelos dos avançados do FCP sobre os defesas leirienses mesmo à sua frente.
Assim, num comunicado divulgado no sítio na Internet do clube, o F.C. Porto "assegura, inequivocamente, que a postura do auxiliar Luís Tavares foi rigorosa e exemplar, em nada tendo beneficiado, quer do ponto de vista pessoal, quer patrimonial, com este lapso".
Acrescenta ainda, "o que parece ser penalizante, quer para a pessoa de Luís Tavares, cuja seriedade está neste momento a ser posta em causa, quer para os representantes do F.C. Porto, é que a competência e eficácia sejam sempre motivo de inveja ou de especulação", refere o comunicado do clube "azul-e-branco".
Extasiados perante as últimas exibições de Benni Mcarthy e Luís Fabiano ao serviço do FC Porto, os responsáveis dos dois clubes russos já estabeleceram os primeiros contactos com os responsáveis da SAD Azul e Branca, no sentido de poderem contratar os dois atletas ainda antes do fecho deste período de inscrições. A intenção dos dirigentes russos é poder contar ainda com os seus valorosos préstimos na segunda fase do campeonato russo de boxe, actualmente muito disputado entre estas duas agremiações.
Entretanto, noutro âmbito, o FC Porto emitiu esta tarde o comunicado tipo em defesa daqueles que, habitualmente, por valorosos actos, pugnam pelas vitórias portistas. Depois de ainda na semana passada o ter feito em prol de Nuno Cardoso, agora é a vez de o fazer em defesa do brio profissional de Luís Tavares, o bandeirinha que não viu a bola a ultrapassar a linha de golo no Estádio de Luz, e que neste fim de semana, coerentemente, também não viu o festival de socos e cotovelos dos avançados do FCP sobre os defesas leirienses mesmo à sua frente.
Assim, num comunicado divulgado no sítio na Internet do clube, o F.C. Porto "assegura, inequivocamente, que a postura do auxiliar Luís Tavares foi rigorosa e exemplar, em nada tendo beneficiado, quer do ponto de vista pessoal, quer patrimonial, com este lapso".
Acrescenta ainda, "o que parece ser penalizante, quer para a pessoa de Luís Tavares, cuja seriedade está neste momento a ser posta em causa, quer para os representantes do F.C. Porto, é que a competência e eficácia sejam sempre motivo de inveja ou de especulação", refere o comunicado do clube "azul-e-branco".
sábado, janeiro 22, 2005
Por mares nunca dantes navegados...
Os Lusíadas são uma das obras-primas da literatura portuguesa e mundial. Há poucos dias atrás concluí finalmente a sua leitura. Só à segunda tentativa visto que, há mais ou menos três anos, fiz uma primeira incursão para ler a obra épica de Camões. Infelizmente,e ao contrário do que é habitual nos meus hábitos de leitura - onde sou incapaz de deixar um livro a meio, mesmo que o ache intragável - interrompi no quinto canto, curiosamente com as naus de Vasco da Gama a aproximarem-se do Cabo da Boa Esperança. Não consegui dobrar o Cabo. O Adamastor não deve ter gostado da minha cara e voltei a pôr o livro na prateleira.
À segunda foi de vez e os dez cantos foram rapidamente percorridos (talvez seja mais correcto dizer navegados), estrofe por estrofe. E aqui deixo o meu elogio a Luís Vaz de Camões porque é de facto notável como se consegue produzir uma obra deste calibre, sempre em oitavas, sempre com o mesmo esquema rimático e sempre com o mesmo número de sílabas métricas. Verdadeiramente assombroso o talento e o engenho deste génio universal que o pequeno rectângulo produziu. E que, tal como outros Portugueses de valor, não viu ainda em vida serem reconhecidos os seus méritos.
Os Lusíadas são muito mais que uma obra em poesia. São o relato de uma viagem, numa época que deve ter sido verdadeiramente fascinante de viver, são um manual de História de Portugal (desde os primórdios até à actualidade do autor) e são igualmente um retrato da sociedade portuguesa do séc. XVI. Só me interrogo como é que o censor do Santo Ofício deixou passar a autêntica sessão de sexo em grupo que decorre na Ilha dos Amores, sublime recompensa dos marinheiros portugueses, desgastados e esgotados de mil e uma peripécias. Eu escrevi desgastados e esgostados? Esqueçam o que eu escrevi.
À laia de reflexão deixo aqui a transcrição da estrofe 145 do canto décimo:
"Não mais, Musa, não mais, que a lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho,
Não no dá a Pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza."
Intemporal, não é?
À segunda foi de vez e os dez cantos foram rapidamente percorridos (talvez seja mais correcto dizer navegados), estrofe por estrofe. E aqui deixo o meu elogio a Luís Vaz de Camões porque é de facto notável como se consegue produzir uma obra deste calibre, sempre em oitavas, sempre com o mesmo esquema rimático e sempre com o mesmo número de sílabas métricas. Verdadeiramente assombroso o talento e o engenho deste génio universal que o pequeno rectângulo produziu. E que, tal como outros Portugueses de valor, não viu ainda em vida serem reconhecidos os seus méritos.
Os Lusíadas são muito mais que uma obra em poesia. São o relato de uma viagem, numa época que deve ter sido verdadeiramente fascinante de viver, são um manual de História de Portugal (desde os primórdios até à actualidade do autor) e são igualmente um retrato da sociedade portuguesa do séc. XVI. Só me interrogo como é que o censor do Santo Ofício deixou passar a autêntica sessão de sexo em grupo que decorre na Ilha dos Amores, sublime recompensa dos marinheiros portugueses, desgastados e esgotados de mil e uma peripécias. Eu escrevi desgastados e esgostados? Esqueçam o que eu escrevi.
À laia de reflexão deixo aqui a transcrição da estrofe 145 do canto décimo:
"Não mais, Musa, não mais, que a lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho,
Não no dá a Pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza."
Intemporal, não é?
sexta-feira, janeiro 21, 2005
Segunda parte, do lado de dentro
O presidente americano conquistou a última eleição porque falou a um país que, na sua grande parte, é um espaço provinciano, no sentido físico e mental da palavra. Mas a sua eleição é, antes de mais, um aviso para a esquerda, essa esquerda que deixou de conseguir falar com as pessoas “simples”. O que se passou foi extraordinário: Bush conseguiu ganhar em regiões empobrecidas, onde os trabalhadores perdem direitos todos os dias; Bush ganhou retirando direitos de saúde, de educação, destruindo aos poucos a segurança social. Este processo vai continuar, o presidente já o anunciou. Para lutar contra os efeitos eleitorais de tais políticas, Bush usou o nacionalismo, o medo e a ideia de que em cada esquina, em cada casa, em cada rua, pode estar um terrorista a trabalhar para destruir a América. Tudo embrulhado num discurso primário mas absolutamente eficaz. Quem goza com Bush, devia ter atenção à eficácia da sua estupidez. Bush não é estúpido, é um vencedor. A “comunidade internacional”, já se notou, pouco interessa ao presidente e aos seus Homens de mão. Resta então, infelizmente, a política interna americana. Muito do que se passará no mundo passa pela luta que os americanos conseguirem fazer ao seu presidente.
Segunda parte, do lado de fora
George Bush iniciou ontem o seu segundo mandato afirmando que a América iria lutar por levar a liberdade a todo o mundo. Conhecendo o método americano a frase só pode preocupar o mundo. As explicações para o novo imperialismo americano têm sido diversas. Muito se tem falado do idealismo dos neo-conservadores, da recuperação dos valores morais, da influência da sua matriz religiosa radical. Tudo isto é verdade, mas talvez faça sentido juntar a estes factores o preocupante estado da economia americana. Os americanos gastam muito mais do que produzem, importam muito mais do exportam. Parte do dinheiro utilizado para equilibrar a situação é proveniente de títulos da dívida pública que têm sido comprados, em grande parte, por capital saudita e chinês. A situação é artificial e instável. Mas os Estados Unidos sabem que mesmo que percam na economia têm sempre a hipótese coerciva. Infelizmente tudo leva a crer que o futuro próximo passe pelo saque de matérias-primas e recursos naturais. Sabe-se, claro, em que região do mundo estes recursos abundam. Sabe-se, também, qual é o método americano. A máquina de propaganda, claro, irá apregoar os valores da liberdade, do cristianismo e da sociedade da posse.
terça-feira, janeiro 18, 2005
Máxima Sociologia
Mérito do habitual incumprimento de horários, uma espera de umas boas dezenas de minutos num consultório médico possibilita-nos, em face da inexistência de alternativas, dar uma vista de olhos pela literatura colocada ao dispor dos pacientes, designadamente às revistas ditas femininas, Máxima e Activa.
Foi aí que, entre páginas que alternam entre os anúncios de perfumes da Gucci, lingerie La Perla ou cremes anti-rugas da Vichy, com artigos versando os ciúmes, a fidelidade conjugal ou novas formas de sedução, pude constatar que não havia nestes artigos publicados um só que não apresentasse um ou mais sociólogos a debitarem completas vulgaridades sobre a temática mencionada.
Sabemos que a sociologia é uma disciplina recente em termos da sua institucionalização académica, e de ser alvo de um relativo desconhecimento acerca da utilidade do seu contributo em diversas áreas de actividade. Sintoma disso mesmo é a difícil inserção profissional no mercado de trabalho dos sociólogos.
Por outro lado, e não obstante o reconhecimento social e mediático de alguns sociólogos, também é verdade que a transmissão da descoberta científica e reflexividade produzida pela disciplina gira ainda muito no circuito inter-pares, frequentemente veiculada em discursos herméticos e dificilmente descodificáveis pelos leigos.
Diga-se ainda, em abono da verdade, que o trabalho do sociólogo nem sempre é visto com bons olhos por aqueles que receiam a capacidade de intervenção crítica de que muitas vezes a disciplina se faz valer para tentar aclarar determinado fenómeno social.
Agora o que eu duvido muito é que perante este estado de coisas e face ao colete de forças imposto por alguns poderes (político e económico) ao espaço de manobra da disciplina, a melhor forma que alguns sociólogos encontraram para tentar aumentar o reconhecimento social da disciplina seja aquela que ontem me pude aperceber estar a ser basto praticada...
Foi aí que, entre páginas que alternam entre os anúncios de perfumes da Gucci, lingerie La Perla ou cremes anti-rugas da Vichy, com artigos versando os ciúmes, a fidelidade conjugal ou novas formas de sedução, pude constatar que não havia nestes artigos publicados um só que não apresentasse um ou mais sociólogos a debitarem completas vulgaridades sobre a temática mencionada.
Sabemos que a sociologia é uma disciplina recente em termos da sua institucionalização académica, e de ser alvo de um relativo desconhecimento acerca da utilidade do seu contributo em diversas áreas de actividade. Sintoma disso mesmo é a difícil inserção profissional no mercado de trabalho dos sociólogos.
Por outro lado, e não obstante o reconhecimento social e mediático de alguns sociólogos, também é verdade que a transmissão da descoberta científica e reflexividade produzida pela disciplina gira ainda muito no circuito inter-pares, frequentemente veiculada em discursos herméticos e dificilmente descodificáveis pelos leigos.
Diga-se ainda, em abono da verdade, que o trabalho do sociólogo nem sempre é visto com bons olhos por aqueles que receiam a capacidade de intervenção crítica de que muitas vezes a disciplina se faz valer para tentar aclarar determinado fenómeno social.
Agora o que eu duvido muito é que perante este estado de coisas e face ao colete de forças imposto por alguns poderes (político e económico) ao espaço de manobra da disciplina, a melhor forma que alguns sociólogos encontraram para tentar aumentar o reconhecimento social da disciplina seja aquela que ontem me pude aperceber estar a ser basto praticada...
segunda-feira, janeiro 17, 2005
Sobre a estética
Em relação ao último grande momento estético do nosso blogue só posso aconselhar o sensato autor a transformar a brilhante ideia em rubrica semanal. Não sendo uma ruptura radical, aproximamo-nos do ideal estético de separação total da forma e do conteúdo. Estou a imaginar o judeu a entrar para a câmara de gás e perguntar ao simpático nazi – Senhor nazi, que belo fato, têm um costureiro próprio ou vão ao armazém espanhol? – Meu amigo judeu, nós aqui, no terceiro Reich, além de não gostarmos de judeus, também não vamos à bola com latinos e outras raças assim mais pró escuro. Herr Wolf, um génio do corte e costura, é quem faz os fatos, nada de espanholadas. – Senhor nazi, são realmente extraordinários, e as calças estão vincadas e tudo, e que bonita suástica, das melhores que tenho visto – É verdade, nós aqui temos um sentido estético elevado em todas as realizações humanas, é pena que você já não tenha tempo de apreciar um filmezinho da Leni Riefenstahl, senão iria ver como a nossa estética racista, antes de ser racista, já era modernista, olhe mas já que estamos aqui na câmara de gás você, amigo judeu, pode apreciar estas fantásticas linhas arquitectónicas, repare na relação das formas com a luz, e o modo racional como as entradas do gás estão colocadas para você e os seus amigos judeus morrerem democraticamente ao mesmo tempo, não é sublime? – É mesmo sublime senhor nazi.
Sobre a argumentação
Há inúmeras formas de argumentar. A um dos tipos de argumentação podemos chamar de argumentação eucalipto, porque seca tudo à volta. Com esta espécie de argumentação não fica nada de pé, não há ideia aproveitável, não há análise que se salve, não há acumulação de interpretações ou cooperação crítica, tudo fica reduzido a escombros. O especialista no argumento eucalipto utiliza várias técnicas. A mais extraordinária é a de acusar o outro de não se ter referido a algo que o próprio nunca tinha, na sua boa vontade, tencionado referir. Se falamos em batatas, devíamos ter falado de cebolas, se falamos de andorinhas, cai o Carmo e a Trindade, porque omitimos as gaivotas. O utilizador da argumentação eucalipto até pode estar de acordo com o argumento inicial, no entanto o seu objectivo é mostrar que nada daquilo faz sentido porque há sempre um facto qualquer mais relevante para a questão, um imperador romano, um facto histórico esquecido, uma criancinha que ficou por salvar. Alguém escreve alguma coisa sobre o sol e, às duas por três, já lhe foram colados uns quinze rótulos, os mais suaves dos quais balançam entre o colaboracionista e o ignorante. No fundo é divertido.
sexta-feira, janeiro 14, 2005
Adenda factual
Fidel Castro e Che Guevara podem ser acusados de muitas coisas. Ha um terreno grande de discussao que defensores e detractores podem percorrer. No entanto, nao e historicamente correcto considerar que fossem alguma vez assassinos em massa.
O principe burro V
Talvez criar uma comissao de etica para avaliar mascaras e outras indumentarias festivas.
O politicamente correcto e realmente discriminatorio e so dispara para alguns lados. Verdade indiscutivel. No entanto, o que a utilizacao desse argumento - que em teoria esta correcto - acaba por provocar neste caso concreto e considerar-se normal que alguem com responsabilidade publicas e politicas - que sao obviamente avaliadas de acordo com o papel que monarquia desempenha, para o bem ou para o ma,l em Inglaterra - vista um fato de oficial das SS. Nao me parece muito produtivo fazer um ranking dos torcionarios e considerar que afinal o Harry ate podia se ter vestido de coisas muito piores. O contexto do nazismo e algo com uma importancia social extraordinaria, atinge pessoas que estao vivas, foi provocado por seres humanos que, temporal e socialmente, nos sao proximos. Alguem hoje responde pelas mortes provocadas por Nero ou por Caligula. Imaginemos o filho do Sampaio numa festa com mascaras. Podia vestir-se de Afonso Henriques, o nosso primeiro Rei que fartou-se de matar mouros pelo rectangulo abaixo, e ninguem se importaria. Mas se vestisse um fato da mocidade portuguesa, cujos membros, como membros, nao mataram ninguem, o caso fiava mais fino. E obviamente com toda a justificacao.
O politicamente correcto e realmente discriminatorio e so dispara para alguns lados. Verdade indiscutivel. No entanto, o que a utilizacao desse argumento - que em teoria esta correcto - acaba por provocar neste caso concreto e considerar-se normal que alguem com responsabilidade publicas e politicas - que sao obviamente avaliadas de acordo com o papel que monarquia desempenha, para o bem ou para o ma,l em Inglaterra - vista um fato de oficial das SS. Nao me parece muito produtivo fazer um ranking dos torcionarios e considerar que afinal o Harry ate podia se ter vestido de coisas muito piores. O contexto do nazismo e algo com uma importancia social extraordinaria, atinge pessoas que estao vivas, foi provocado por seres humanos que, temporal e socialmente, nos sao proximos. Alguem hoje responde pelas mortes provocadas por Nero ou por Caligula. Imaginemos o filho do Sampaio numa festa com mascaras. Podia vestir-se de Afonso Henriques, o nosso primeiro Rei que fartou-se de matar mouros pelo rectangulo abaixo, e ninguem se importaria. Mas se vestisse um fato da mocidade portuguesa, cujos membros, como membros, nao mataram ninguem, o caso fiava mais fino. E obviamente com toda a justificacao.
O Principe burro III
E certo que os media raramente discutem o que importa. O caso Harry e mais um fait-divers para vender jornais. No entanto, apesar de a nossa posicao informada exigir que outros assuntos assumam a actualidade, o facto e que a questao passou para a agenda publica e tornou-se num acontecimento politico, uma optima oportunidade para largar mais umas ferroadas na digna instituicao monarquica. Neste sentido, saudo a oportunidade de O Principe Burro I.
Despindo o filtro sociologico que vive pegado ao meu corpo arrisco uma explicacao genetica. Os geneticistas, que todos os dias descobrem genes para tudo e mais alguma coisa - a homossexualidade, a violencia, a pedofilia, etc - deviam estudar o gene monarquico, o gene por excelencia, nao estivesse em contacto directo com o sagrado. O gene monarquico ingles, por exemplo, esta acometido pelo virus da patetice. E evidente neste sentido, que Harry sai ao pai. Outra persistencia mais preocupante no gene monarquico ingles sao as derivas nazis. O saudoso Eduardo VIII, tio-avo do Harry, conhecido por ter abdicado do trono pelo amor de uma plebeia americana, Wallis Simpson, tinha fortes simpatias pela causa do terceiro Reich razao pela qual, triste versao alternativa ao caso de amor, foi posto a andar.
Diga-se que o choque da foto de Harry reside no facto de o jovem principe nao surgir mascarado, no sentido ironico, ou divertido da mascara (uma caricatura de Hitler nao seria tao ofensiva), mas surgiu uniformizado, tal e qual, um oficial das SS. O rapaz tem vinte anos, nao tem oito nem doze, e descende directamente da rainha Victoria, a mulher que governou quase todo o mundo. E uma responsabilidade.
Despindo o filtro sociologico que vive pegado ao meu corpo arrisco uma explicacao genetica. Os geneticistas, que todos os dias descobrem genes para tudo e mais alguma coisa - a homossexualidade, a violencia, a pedofilia, etc - deviam estudar o gene monarquico, o gene por excelencia, nao estivesse em contacto directo com o sagrado. O gene monarquico ingles, por exemplo, esta acometido pelo virus da patetice. E evidente neste sentido, que Harry sai ao pai. Outra persistencia mais preocupante no gene monarquico ingles sao as derivas nazis. O saudoso Eduardo VIII, tio-avo do Harry, conhecido por ter abdicado do trono pelo amor de uma plebeia americana, Wallis Simpson, tinha fortes simpatias pela causa do terceiro Reich razao pela qual, triste versao alternativa ao caso de amor, foi posto a andar.
Diga-se que o choque da foto de Harry reside no facto de o jovem principe nao surgir mascarado, no sentido ironico, ou divertido da mascara (uma caricatura de Hitler nao seria tao ofensiva), mas surgiu uniformizado, tal e qual, um oficial das SS. O rapaz tem vinte anos, nao tem oito nem doze, e descende directamente da rainha Victoria, a mulher que governou quase todo o mundo. E uma responsabilidade.
Metal rules
Uma suave educação sonora, mais ou menos distinta, afasta muitas pessoas dos sons produzidos pelas bandas que compõem o universo multifacetado do heavy metal. Numerosos ouvidos, cuja sensibilidade é socialmente produzida, reagem, opinam, protestam, quando confrontados com um conjunto de sons que reconhecem genericamente como fazendo parte deste universo musical. A cansativa frase “é só barulho” torna-se numa avaliação comum que irrita sobremaneira o militante do metal. Todo o amante de música, independentemente do estilo, se aborrece quando o apreciador não iniciado realiza generalizações abusivas e quase sempre ignorantes. Fortemente enraizado nas práticas culturais de classes sociais baixas, o heavy metal cresceu em grande medida fora dos grandes circuitos da indústria musical. A sua divulgação faz-se quase sempre através do contacto pessoal, por redes imensas através das quais se trocam cassetes, discos e outro material relativo às bandas. Pouco se sabe da grandeza deste universo. Os media passam-lhe ao lado, embora a sua dimensão não seja despicienda.
Na universidade, a cultura popular continua a ser um objecto pouco apreciado, que se encontra na base da pirâmide das hierarquias académicas. O heavy metal é indiscutivelmente substância de cultura popular e merecia um estudo urgente. Infelizmente, pelas regras da reprodução social, não há muitos amantes do género com poder de o estudar nos níveis de investigação mais altos da academia.
Deixo uma sugestão de não especialista que se dirige apenas, obviamente, a não iniciados: o intemporal primeiro álbum dos Metallica carinhosamente intitulado Kill ‘Em All. Uma obra-prima da cultura popular.
Na universidade, a cultura popular continua a ser um objecto pouco apreciado, que se encontra na base da pirâmide das hierarquias académicas. O heavy metal é indiscutivelmente substância de cultura popular e merecia um estudo urgente. Infelizmente, pelas regras da reprodução social, não há muitos amantes do género com poder de o estudar nos níveis de investigação mais altos da academia.
Deixo uma sugestão de não especialista que se dirige apenas, obviamente, a não iniciados: o intemporal primeiro álbum dos Metallica carinhosamente intitulado Kill ‘Em All. Uma obra-prima da cultura popular.
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