Em relação ao último grande momento estético do nosso blogue só posso aconselhar o sensato autor a transformar a brilhante ideia em rubrica semanal. Não sendo uma ruptura radical, aproximamo-nos do ideal estético de separação total da forma e do conteúdo. Estou a imaginar o judeu a entrar para a câmara de gás e perguntar ao simpático nazi – Senhor nazi, que belo fato, têm um costureiro próprio ou vão ao armazém espanhol? – Meu amigo judeu, nós aqui, no terceiro Reich, além de não gostarmos de judeus, também não vamos à bola com latinos e outras raças assim mais pró escuro. Herr Wolf, um génio do corte e costura, é quem faz os fatos, nada de espanholadas. – Senhor nazi, são realmente extraordinários, e as calças estão vincadas e tudo, e que bonita suástica, das melhores que tenho visto – É verdade, nós aqui temos um sentido estético elevado em todas as realizações humanas, é pena que você já não tenha tempo de apreciar um filmezinho da Leni Riefenstahl, senão iria ver como a nossa estética racista, antes de ser racista, já era modernista, olhe mas já que estamos aqui na câmara de gás você, amigo judeu, pode apreciar estas fantásticas linhas arquitectónicas, repare na relação das formas com a luz, e o modo racional como as entradas do gás estão colocadas para você e os seus amigos judeus morrerem democraticamente ao mesmo tempo, não é sublime? – É mesmo sublime senhor nazi.