Há inúmeras formas de argumentar. A um dos tipos de argumentação podemos chamar de argumentação eucalipto, porque seca tudo à volta. Com esta espécie de argumentação não fica nada de pé, não há ideia aproveitável, não há análise que se salve, não há acumulação de interpretações ou cooperação crítica, tudo fica reduzido a escombros. O especialista no argumento eucalipto utiliza várias técnicas. A mais extraordinária é a de acusar o outro de não se ter referido a algo que o próprio nunca tinha, na sua boa vontade, tencionado referir. Se falamos em batatas, devíamos ter falado de cebolas, se falamos de andorinhas, cai o Carmo e a Trindade, porque omitimos as gaivotas. O utilizador da argumentação eucalipto até pode estar de acordo com o argumento inicial, no entanto o seu objectivo é mostrar que nada daquilo faz sentido porque há sempre um facto qualquer mais relevante para a questão, um imperador romano, um facto histórico esquecido, uma criancinha que ficou por salvar. Alguém escreve alguma coisa sobre o sol e, às duas por três, já lhe foram colados uns quinze rótulos, os mais suaves dos quais balançam entre o colaboracionista e o ignorante. No fundo é divertido.