segunda-feira, outubro 27, 2003

Chatos do caralho

Recebi um e-mail que passo a publicar, dado o seu conteúdo interessar a todos. “Há quase um ano que sou um assíduo frequentador da blogosfera. Das centenas de blogs que já visitei, garanto-vos que não encontrei nada mais aborrecido que o vosso. A falta de sofisticação é épica, a seriedade anacrónica. São uns chatos. Os vossos assuntos preferidos são os orçamentos de Estado, a política do governo, futebol, o Partido Socialista, o papa e o Tocqueville. O tal do Nuno, em apenas um mês, já utilizou a expressão classes sociais mais vezes do que toda a blogosfera durante um ano. Lidera também as entradas para burguesia, operariado, os dominados e os dominantes. Mais enfadonho que o Nuno só mesmo o Bruno. Além de falar das mesmas coisas aborrecidas e insuportavelmente sérias é de direita e faz odes ao João Paulo II. Nem uma referenciazinha a Buda, nem ao Confúcio, nem mesmo ao Lao-Tzu, foda-se, pelo menos o Lao-Tzu. Depois há um tal de Palouro. Tive esperança que fosse do Bloco de Esquerda, mas não. Uma apreciação ao seu vocabulário revela que ainda não utilizou as palavras , “enrola-me ai um”, “enrola-me ai outro”, “enrola-me lá essa merda”, “enrola-te lá”, “enrola-te lá e enrola-mo cá”, “enrola-me lá e traz um amigo também”, “enrola-te cá e venham mais cinco”. Temos ainda o Stuart, que eu desconfio, sinceramente, que seja um pseudónimo do Guilherme Leite, e o Olson, que tem pinta de função pública (não há nada menos sofisticado do que a função pública), sempre a queixar-se, incapaz de um rasgo intelectual, género “distanciamento brechtiano”, ou “efeito Kuletchov”. Consta ainda do grupo um tal de César Mogueime, que além de ter o nome mais ridículo da blogosfera, é uma espécie de Baptista Bastos do grupo, «num bar da Funchal lá entrou o meu primo Isaías com o castor debaixo do braço». Uma seca. Sobram os esporádicos, todos igualmente chatos. Em suma, deixei os Lexotans, os Lorenins, os Xanax e as folhas de alfaces, dois minutos no Blog do grupo do Pato e estou ferrado. Apesar de tudo, obrigado.
Arnaldo J. / Paço D’Arcos