A aparição nos escaparates reais e virtuais da edição europeia da revista Time, trouxe de novo à primeira linha dos destaques noticiosos portugueses a situação daquelas que a revista Time designa por "meninas de Bragança".
Não sendo minha pretensão estar agora a discorrer sobre as razões do fenómeno, gostaria isso sim de utilizar esta pena de silício para deixar algumas palavras acerca da forma como as "meninas" foram apresentadas no noticiário da estação televisiva SIC.
Concretamente, e indo de modo directo ao sucedido, o jornal televisivo desta estação, ao fazer a introdução da notícia, afixou em pano de fundo no ecrã a capa da revista Time, ao que se seguiu de imediato o relato do pivôt do noticiário a anunciar que a revista trazia à sua primeira página uma fotografia onde se via claramente umas das "mulheres da má vida" ...
Fazendo letra morta da neutralidade semântica que deve pautar a informação objectiva e rigorosa, o pivôt deste jornal, ao descrever a pessoa, e todas as outras que partilham a mesma actividade profissional, como sendo elas "mulheres da má vida", logo extraiu uma raíz quadrada negativa dessas pessoas que infere a sua caracterização como promotoras do sumiço das virtudes morais da sociedade.
Porque o rigor jornalístico não se compadece com expressões de cariz popular ou com juízos particularísticos, melhor seria que quando olhassem para as pessoas da "boa vida", que se depreende, por antítese, serem aquelas que aparecem assiduamente nas "Caras" dos seus programas, se dessem conta do valor acrescentado que muitas dessas "mulheres da boa vida" trazem para o enriquecimento da qualidade moral da sociedade!