sexta-feira, outubro 24, 2003
Miséria
Na Assembleia da República discute-se hoje o estado das políticas sociais do país. Como se esperava, o programa do governo, escrupulosamente seguido em relação ao défice público, não vai ser cumprido em vários aspectos fundamentais. Portugal continua a ser um país absolutamente miserável ao nível das políticas sociais. A ajuda do Dr. Portas aos velhinhos, que seria concretizada pela convergência da pensão mínima com o salário mínimo, não passou, como era esperado, de populismo barato. Noutro âmbito, é preciso reagir com dinâmica à ideia peregrina de que o sistema de segurança social está à beira do colapso. É falso. Só aqueles que desejam lucrar com a sua privatização conseguem sustentar esta ideia. Uma política realmente comprometida com a vontade de ajudar os mais fracos faz-se com medidas concertas e não com retóricas inconsequentes (é por isto, aliás, que o senhor Wojtyla é um reaccionário do pior, porque o seu lado pretensamente bom é simples retórica, ao passo que o lado tenebroso tem, infelizmente, consequências práticas. Apresentem-me um exemplo, só peço um, de uma actuação concreta do Vaticano para minorar as grandes injustiças do capitalismo, para evitar guerras que violam o direito internacional, para ajudar, e não falo da caridadezinha, as pessoas que sofrem com as cada vez mais intensas desigualdades sociais. Bem prega Frei Tomás).