A quem repete constantemente que Mourinho é o melhor treinador do mundo falta a sensibilidade para perscrutar a verdadeira revolução. Arrisco afirmar que Giovanni Trapattoni é o maior génio de futebol de todos os tempos. Ao contrário de Mourinho, que se limita a afinar uma lógica já centenária, o italiano propõe que se olhe o futebol de uma perspectiva completamente diferente. Copérnico pôs a terra a girar à volta do Sol, Marx virou Hegel de cabeça para baixo e Trapattoni inventou um novo futebol. E fê-lo com uma simples frase: “perder não é um mau resultado”. Parece ridículo, mas é extraordinário. Retirando a importância da vitória ao jogo, Trapattoni impõe uma nova lógica ao desporto-rei. Como perder não é um mau resultado deixam de existir maus resultados. É um verdadeiro ovo de Colombo: os adeptos ficam sempre contentes, os jogadores felizes por não serem pressionados, os árbitros deixam de interessar. Fiquem os adversários com as emoções, as tristezas, os vedetismos, os egoísmos. No fundo, é uma espécie de futebol Zen, tudo flui, perder é fixe, somos todos amigos, destrói o teu orgulho, dá cá um bacalhau, passe senhor avançado, atacar para quê, está-se bem, a vida é bela. O Benfica sempre na vanguarda.